A greve de sete dias que foi confirmada pelo sindicato dos tripulantes para o final de janeiro terá um custo direto para a TAP de 48 milhões de euros, de acordo com estimativa feita pela empresa que admite mais 20 milhões de euros de perdas potenciais devido à esperada quebra de vendas para os outros dias.

A TAP diz mesmo que a recompensa a todos os trabalhadores, do mesmo valor, que estava a ser equacionada face aos bons resultados de 2022, fica “posta em causa”.

A transportadora estima que a nova paralisação vai obrigar a cancelar 1.316 voos, afetando 156 mil passageiros. O SNPVAC (Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil) reunido em assembleia geral esta quinta-feira recusou a última proposta de acordo feita pela TAP e manteve a greve convocada para os dias 25 a 31 de janeiro. Isto apesar do esforço feito pelo ministro das Infraestruturas, João Galamba, num encontro com representantes sindicais realizado antes da assembleia geral.

Tripulantes de cabine da TAP mantêm greve de sete dias prevista para o final de janeiro

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Num longo comunicado, a TAP considera que a decisão de avançar com a greve “deita por terra todo o trabalho de aproximação entre as partes, deixando milhares de clientes da TAP com os seus planos defraudados e afetando seriamente os resultados da companhia”.

Não obstante, registar “um considerável avanço” nas discussões com o sindicato nas quais diz ter aceitado “grande parte das reivindicações apresentadas”. Das 14 propostas feitas pelo sindicato na negociação do acordo de empresa, foram aceites 12, o que representa 85%. As duas que foram recusadas dizem respeito a níveis de entrada e respetivos pagamentos — uma matéria que está a ser tratada em tribunal — e colocar mais um chefe de cabina nos aviões de longo curso porque, argumenta a empresa, a retirada deste elemento foi aprovada pelo sindicato e seus membros quando foi negociado o acordo de emergência assinado em 2021.

A TAP argumenta que esta cedência “significaria vários milhões de euros, acrescidos ao esforço que já representam todos os pontos aceites, além de colocarem a TAP em desvantagem competitiva com os seus pares que têm hoje menos um elemento também”.

Sobre as contas ao custo da greve, os 48 milhões de euros apontados resultam da soma de duas parcelas — a perda de 29,3 milhões de euros em receitas e indemnizações de 18,7 milhões de euros devidas a passageiros. A empresa admite que o custo total poderá chegar aos 68 milhões de euros, considerando perdas adicionais indiretas resultantes do impacto que esta greve terá na venda de bilhetes e da não otimização de outros voos por causa da necessidade de reacomodar passageiros.

A dimensão da fatura estimada leva a TAP a avisar que a compensação que estava a ser equacionada para todos os trabalhadores — e que é do mesmo valor — como contrapartida pelos bons resultados de 2022 “fica agora posta em causa”.

A empresa acrescenta que para tentar mitigar os efeitos da greve nos passageiros está a preparar um plano de contingência para minimizar os transtornos causados, ajustando a operação e flexibilizando a mudança no agendamento das viagens e dos reembolsos dos bilhetes.

Os tripulantes já tinham realizado uma greve de dois dias a 8 e 9 de dezembro, com um custo estimado pela TAP de oito milhões de euros. A magnitude das perdas agora estimadas pela empresa é maior, dividindo o valor por dia — quase sete milhões de euros contra quatro milhões de euros. Esta situação é explicada pela maior extensão de dias de greve, o que afeta muito mais voos, ampliando os efeitos acumulados e tornando muito mais difícil uma gestão de mitigação dos impactos.