Donald Trump sofreu esta quinta-feira mais um revés na justiça. O antigo Presidente dos Estados Unidos foi condenado por um tribunal na Flórida a pagar uma indemnização de quase um milhão de dólares (924 mil euros) na sequência de um processo que o próprio moveu contra, entre outros, Hillary Clinton, o Partido Democrata e o ex-diretor do FBI, James Comey, e que a justiça norte-americana considerou irregular por ter sido “politicamente motivado”.
Trump e a sua equipa de advogados deram entrada com a ação judicial em março de 2022, alegando que várias pessoas e organizações conspiraram em 2016 no sentido de prejudicar as suas chances nas eleições presidenciais (que venceu), através de alegações falsas e deturpadas das suas ligações à Rússia – uma tese que foi rejeitada pelo tribunal.
Em 46 páginas, o juiz Donald M. Middlebrooks da Flórida tece duras críticas ao político republicano, que acusa de “usar recorrentemente os tribunais para procurar vingança contra os seus adversários políticos” e “promover desonestamente uma narrativa política”.
Este processo nunca devia ter sido levantado. A sua inadequação do ponto de vista legal era evidente desde o começo. Nenhum advogado sério teria dado entrada com isto. Politicamente motivado, nenhuma das acusações que constam do documento constituíam uma permissa legal reconhecível”, pode ler-se no documento, citado pelo New York Times.
O juiz tinha arquivado o processo em setembro, por entender tratar-se de um “manifesto político” contra rivais políticos mascarado de processo judicial. Middlebrooks alertou ainda que a atuação dos representantes legais do antigo Presidente podia motivar ação disciplinar por parte das respetivas ordens de advogados.
Em novembro, a equipa de advogados foi condenada a cobrir as despesas legais de um dos acusados. No entanto, várias outras entidades e pessoas visadas, incluindo Hillary Clinton, moveram uma ação procurando compensação financeira adicional, que foi agora validada.
“O Sr. Trump é um prolífico e sofisticado litigioso que repetidamente usa os tribunais para se vingar de adversários políticos”, entendeu o juiz. “Este padrão de abuso contínuo do sistema judicial pela parte do Sr. Trump e dos seus advogados mina o Estado de direito, pinta os juízes como agentes partidários e desvia recursos que deveriam ir para aqueles que de facto sofrem injustiças legais”.
Grupo de Donald Trump multado em 1,48 milhões de euros por fraude fiscal
Esta é a mais recente derrota que Trump sofreu na justiça; também na última semana, a Trump Organization (conglomerado empresarial que junta todas as empresas do ex-Presidente) foi multada em 1,48 milhões de euros por fraude fiscal, num processo movido pelo Procurador-Geral de Nova Iorque.
O empresário de 76 anos está ainda a braços com uma série de outros processos legais, incluindo o movido pela jornalista E. Jean Carroll, que o acusa de a ter violado nos anos 1990, bem como investigações aos documentos confidenciais na sua propriedade em Mar-a-Lago na Flórida, e ao seu envolvimento no ataque ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2020.