O Brasil e a Argentina deverão anunciar nos próximos dias o início dos trabalhos de preparação para o desenvolvimento de uma moeda comum, avança o jornal Financial Times (FT). Os dois países, que representam as duas maiores economias da América do Sul, deverão começar a discutir os planos em Buenos Aires.

Lula da Silva vai rumar à capital da Argentina para participar na cimeira dos países latino-americanos, que arranca na próxima terça-feira, 24 de janeiro, com 33 nações. A presença do novo Presidente do Brasil marca o regresso do país ao espaço diplomático regional, após os recentes ataques antidemocráticos em Brasília.

O Brasil e a Argentina deverão falar sobre esta moeda comum, que até já tem nome proposto: “sur”, sul em espanhol. A sugestão terá partido do Brasil, escreve o FT. Mas a ideia da moeda comum não deverá ficar apenas pelos dois países – também existe vontade de convidar outros países da América Latina a participar. “São o Brasil e a Argentina a convidarem o resto da região”, especificou Sergio Massa, o ministro da Economia da Argentina, ao jornal.

Do lado do Brasil, fonte oficial do Ministério das Finanças partilhou que não tem informação sobre um grupo de trabalho para uma moeda comum.

Caso os planos decorram como deseja o ministro argentino, isso poderá criar o segundo maior bloco monetário do mundo, apenas ultrapassado pela Zona Euro. Pelas contas do jornal britânico, uma moeda única na América Latina, que envolvesse todos os países, poderia representar cerca de 5% do produto interno bruto (PIB) mundial.

Por agora, em Buenos Aires deverão ser estudados os primeiros passos a dar. “Vai existir uma decisão para começar a estudar os parâmetros necessários para uma moeda comum, que incluem tudo desde questões fiscais até à dimensão da economia e ao papel dos bancos centrais”, disse o ministro. “Haverá um estudo sobre os mecanismos para a integração de comércio.”

Mas o governante frisa que “não quer criar falsas expectativas”, antecipando que este deverá ser “o primeiro passo de uma longa integração pela qual a América Latina tem de passar”. O ministro recorre ao exemplo da criação do euro, “que demorou 35 anos”, para ilustrar como esta ideia de moeda comum pode ser demorada.

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