“Portugal não sai bem deste período” e “infelizmente 2022 não foi o momento da viragem necessária”. A resposta do Governo no ano passado “ficou muito aquém” e apesar de em julho o desemprego até ter baixado até aos 5,9%, quatro meses depois já tinha subido para os 6,4% — o que é “certamente um sinal a ter em conta”.

Estas são apenas algumas das considerações que António Saraiva faz na carta que envia anualmente aos empresários, enquanto presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, e que esta quinta-feira o Público desvenda. O tom de despedida, imposto pela saída no próximo mês de abril, altura em que a estrutura associativa patronal segue para eleições, é notório, realça o jornal.

Mas Saraiva não fala apenas sobre o “legado” que tenciona deixar, após uma dúzia de anos no cargo, discorre também sobre os cinco pontos que assume”essenciais” para alcançar a “convergência” económica entre Portugal e União Europeia, e lamenta o facto de 2023 ter começado “da pior forma”. Nada menos porque um Governo com “a vantagem de beneficiar de uma maioria absoluta” foi, “ele próprio, facto de instabilidade e incerteza”, escreve. “Não é aceitável nem razoável.”

“2022 – o ano em que as empresas salvaram o emprego; 2023 – o ano em que o PRR tem de chegar à economia.” Sob este título, que escolheu para a última carta que assina como presidente da CIP, António Saraiva, que em novembro completa 70 anos, lamenta ainda o regresso da “perturbação social”, com “greves e anúncios de greves” que “não contribuem para a recuperação” económica.

E deixa críticas à revisão do Código de Trabalho e àquelas que considera “normas inaceitáveis”, como as propostas aprovadas já este ano na Comissão de Trabalho e que proíbem as empresas de recorrer a trabalhadores em regime de outsourcing, durante o período de um ano, para assegurar as funções de quem foi despedido; ou impedem os trabalhadores de poderem abdicar de créditos que lhes são devidos, como subsídios de férias ou de natal, em caso de cessação de contrato ou despedimento.

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