O Presidente de El Salvador, Nayib Bukele, inaugurou o Centro de Repressão ao Terrorismo, com capacidade para 40 mil reclusos e cuja construção começou durante o estado de emergência, em vigor desde março.
Na visita ao estabelecimento prisional por vários membros do Governo salvadorenho, o ministro das Obras Públicas, Romeo Rodríguez, disse tratar-se da “maior prisão das Américas”, da qual “seria impossível fugir”, de acordo com a agência de notícias EFE.
O estabelecimento, que conta com uma área de 23 hectares, será vigiado por 600 soldados e 250 agentes policiais, disseram o ministro da Defesa, René Merino, e o diretor da Polícia Civil, Mauricio Arriaza.
A prisão foi construída num terreno “de propriedade do Estado” no município de Tecoluca, uma região rural no departamento de San Vicente, no centro de El Salvador, e “funcionará longe dos centros urbanos”, indicou a Presidência salvadorenha.
Em julho, o Presidente tinha dito, numa mensagem publicada na rede social Twitter, que a prisão ia “ter espaço para 40 mil terroristas, que ficarão isolados do mundo exterior”, sem divulgar o custo da obra.
A construção motivou críticas da oposição, que apontou para uma falta de transparência, principalmente devido à aprovação no parlamento, dominada pelo partido no poder, de uma lei que permitia contornar os requerimentos habituais para obras públicas.
Em meados de janeiro, a organização Cristosal entrou com uma ação no Supremo Tribunal de Justiça para declarar inconstitucional uma série de decretos que “favorecem a corrupção”, incluindo a Lei Especial para Construção de Prisões em Regime de Emergência.
A lei foi aprovada pelo parlamento em março de 2022, no âmbito da declaração de “guerra” contra os gangues organizados decretada por Bukele, que já levou à detenção de cerca de 58 mil presumíveis membros de bandos criminais, em particular dos temíveis “mara salvatrucha”.
De acordo com uma sondagem da Universidade centro-americana (UCA), cerca de 76% dos salvadorenhos apoiam o estado de emergência e nove em cada dez consideram que a delinquência foi reduzida.
O estado de emergência, decretado no final de março, na sequência de uma vaga de 87 assassínios atribuídos aos “maras”, permite detenções sem mandato e suscitou críticas de organizações de defesa dos direitos humanos.