Mariana Mortágua é “extraordinária” e será “seguramente um bom nome” para a corrida à liderança do Bloco de Esquerda. As garantias foram dadas pela líder cessante, Catarina Martins, no dia da despedida, embora com cuidados para lembrar que há “felizmente várias pessoas” com capacidade para agarrar nas rédeas do partido.
Numa entrevista concedida à RTP no mesmo dia em que anunciou que vai deixar a liderança do Bloco na convenção do partido, marcada para 27 e 28 de maio, Catarina Martins admitiu vir a apoiar um candidato — “nunca escondi as minhas opiniões” — embora evitando falar já de candidaturas consumadas, uma vez que Mortágua vai avançar, mas ainda não o confirmou oficialmente.
Em jeito de balanço, Catarina Martins fez questão de lembrar que foi durante o seu consulado que o Bloco conseguiu os seus melhores resultados — nas eleições de 2015 e 2019 — e admitiu que o desfecho das últimas eleições, em que o Bloco viu a bancada parlamentar reduzida de 19 para cinco deputados, “não foi bom”, rejeitando no entanto que tenha sido “decisivo” para a sua saída.
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“Tenho a tranquilidade de saber que fiz tudo o que podia e sabia”, frisou, considerando que, se era verdade que num primeiro momento parte do eleitorado não compreendeu a decisão do Bloco de chumbar o Orçamento do Estado do PS que viria a resultar na queda do Governo, agora “as pessoas compreendem que o BE não podia aceitar a chantagem do PS” e que agiu com “coerência”.
Mas os tempos são outros e têm “registos diversos” — razão pela qual, entendendo que com o desgaste da maioria absoluta se abriu um “novo ciclo político”, decidiu que o seu tempo à frente do Bloco tinha chegado ao fim.
Uma década, como a década que esteve como coordenadora do Bloco, “é uma vida”, resumiu. Agora, só promete que vai estar “com as pessoas, os professores, na Saúde, na Habitação”. E, mesmo garantindo não ter “tabus”, acabou por criar outro: apesar de dizer que “respeita” os mandatos que assume, não esclareceu se pretende mesmo ficar no Parlamento como deputada até ao fim da legislatura — será conversa para ter, mais tarde, no seio do Bloco.
E quanto a uma ida para Bruxelas nas próximas eleições europeias? “Portugal é o meu país”, limitou-se a responder. O futuro político da líder que está de saída fica assim em aberto, pelo menos até ao encontro do partido, em maio.