O programa “Mais habitação”, apresentado esta semana pelo primeiro-ministro, tem medidas “positivas e negativas”, na visão de Marques Mendes, mas “há uma que tem de cair”, para não “contaminar a credibilidade” de todo o plano. Essa medida é o arrendamento “forçado” de casas vazias, defendeu o comentador este domingo, no seu espaço de comentário na SIC.
Para Marques Mendes, a medida é um “disparate” e “não parece de António Costa”, que “não é um socialista radical, é moderado”, e teve aqui um “ataque de socialismo radical”, considera o comentador. “Alguém vai ganhar com esta medida? Vai dar uma polémica enorme e no final vai dar resultado zero. Não vai haver arrendamento nenhum desta forma”, crê Marques Mendes.
Para o comentador, com a medida do arrendamento coercivo “perdem proprietários, perdem inquilinos, vão ganhar os advogados”, que terão mais negócio por via da litigância. “É um ataque à propriedade privada. Portugal é um país de pequenos e médios proprietários”. O comentador acredita que o Tribunal Constitucional vai “provavelmente” chumbar a medida por “uma questão de bom senso”.
O comentador destacou como pontos positivos do programa a simplificação dos licenciamentos, o subsídio de renda e as medidas para o crédito à habitação. E sublinhou que “é preciso estabilidade nas decisões, previsibilidade nas regras e incentivos fiscais” para que o problema da habitação seja resolvido. Entre os “pecados” do programa, Marques Mendes ressalva o facto de ter chegado “muito tarde” e de ser um “power point”, porque tem poucas metas, “é tudo para estudar”, e “quem está no governo há sete anos tinha obrigação de ter um plano mais detalhado.”
O comentador também criticou as medidas para o alojamento local. “É preciso regular e reduzir, matá-lo é que não”, concluiu.
“Alguém está a enriquecer de forma ilegítima” com preço dos alimentos
No comentário deste domingo, Marques Mendes também questionou o preço dos alimentos, e o facto de continuarem a aumentar, apesar de a inflação estar a abrandar. “Há produtos que têm tido aumentos de 70% ou 80%. É uma situação preocupante, no início da guerra percebia-se”, por causa do aumento dos preços da energia e da disrupção das cadeias de abastecimento. “Agora a situação é difícil de compreender, porque o custo dos fatores de produção está estabilizar ou a baixar, e o normal seria os preços baixarem ou estabilizare, mas estão a subir”, notou.
“Isto significa uma coisa, alguém está a enriquecer de forma ilegítima, não pode ser de outra forma”, considera. “Não estou a acusar ninguém mas é preciso um estudo sobre isto”, ressalvou, adiantando que “mais semana menos semana, o Governo vai ter de conceder mais apoios, mas isto não é vida”.