A Stellantis, grupo franco-italo-americano resultante da fusão da antiga Fiat Chrysler Automobiles com a PSA, acaba de anunciar os resultados de 2022, ano que se saldou num lucro líquido de 16.800 milhões de euros face a 2021, o que representa um aumento de 26%. Em reflexo disso e dando continuidade à estratégia de “retribuir por desempenho” e recompensar os funcionários, estes vão receber este ano mais 200 milhões que o prémio referente a 2021. Nem mais nem menos que um total de 2000 milhões de euros.
“Graças aos resultados recorde de desempenho da Stellantis em 2022, iremos distribuir mais de 2000 milhões de euros em participação nos lucros e bónus variável pelos funcionários da Stellantis de todo o mundo”, disse o CEO da Stellantis, o português Carlos Tavares. “São mais 200 milhões de euros do que no ano passado e é um reconhecimento justo pelo contributo de todos os colaboradores da Stellantis para que a empresa possa vencer num contexto económico muito exigente. Quando a empresa é bem-sucedida, todos os funcionários também o são; é nisso que assenta a nossa cultura de retribuição por desempenho”, acrescentou.
Em 2022, a Stellantis registou 179.600 milhões de euros de receitas líquidas, beneficiando de uma gama bem adaptada e dos efeitos positivos das taxas de câmbio. Tal permitiu-lhe crescer 18% na facturação face a 2021. Praticamente todos os segmentos contribuíram para o aumento das receitas e o incremento dos resultados, fixando o resultado operacional ajustado nos 23.300 milhões de euros (+29%) e a margem nos 13%. Se os accionistas aprovarem, serão distribuídos 4200 milhões de dividendo ordinário, o que corresponde a 1,34 euros a pagar por acção.
O grupo composto por 14 marcas disponibiliza actualmente 23 eléctricos a bateria (BEV), oferta que será reforçada este ano com o lançamento de mais nove propostas deste tipo, com a Stellantis a acelerar o passo na electrificação. Tanto mais que, em 2022, as suas vendas globais de BEV cresceram 41%, tendo o grupo capitaneado por Carlos Tavares liderado as vendas de veículos comerciais a bateria na União Europeia a 30 e ficado em 2.º lugar nas vendas totais de BEV na UE30. No mercado norte-americano liderou as vendas de híbridos plug-in com o Wrangler 4xe, sendo para aí que se aprontam agora os esforços de electrificação, segundo o CEO. “Além dos nossos resultados financeiros recorde e da execução rigorosa do plano estratégico ‘Dare Forward 2030’, também demonstrámos a eficácia da nossa estratégia de electrificação na Europa”, referiu Carlos Tavares. “Contamos, agora, com tecnologia, produtos, matérias-primas e todo o ecossistema de baterias para liderar esse mesmo percurso transformador na América do Norte, a começar pelos nossos primeiros modelos Ram 100% eléctricos, a partir de 2023, e Jeep a partir de 2024”, destacou.
Enquanto o portefólio global da Stellantis vai integrando cada vez mais BEV, saltando dos actuais 23 para 47 modelos em 2024, a companhia continua a reunir trunfos para ver a sua estratégia de electrificação ser bem-sucedida. Vêm a caminho quatro novas plataformas específicas para modelos eléctricos, ao mesmo tempo que estão já confirmadas cinco gigafábricas, três na europa e duas nos EUA, em associação com a Samsung SDI, a LG Energy Solution e a Automotive Cells Company. Simultaneamente, a Stellantis tem procurado integrar verticalmente as matérias-primas, estabelecendo acordos com diferentes empresas para não ficar refém de fornecedores.
Recorde-se que o plano Dare Forward 2030 estipulava como objectivo alcançar 5000 milhões de euros fruto das sinergias e, já em 2022, a tesouraria líquida daí decorrente atingiu os 7100 milhões de euros. A estratégia visa duplicar as receitas líquidas face a 2021, ou seja, apontando aos 300.000 milhões de euros até 2030, sem abrir mão de uma margem de dois dígitos.