Mariana Leitão não se vai recandidatar a presidente do Conselho Nacional da Iniciativa Liberal. O Observador sabe que a liberal, que encabeçou a lista apoiada por Rui Rocha, vai ser chefe de gabinete na Assembleia da República e que, por isso, deixa o cargo que desempenhava até aqui. Nuno Santos Fernandes, que já foi presidente do órgão máximo entre congressos, é o nome escolhido para apresentar uma candidatura à mesa.

Depois de ter conseguido 24 mandatos em 50 para o Conselho Nacional, com 45,7% dos votos, Mariana Leitão era o nome mais provável para se manter à frente da mesa do órgão nacional, onde cumpriu o mandato entre 2020 e 2022. Mas a liberal vai rumar à Assembleia da República para ocupar o lugar que ficou vago quando Leonor Dargent o deixou, em dezembro. O Observador sabe que a solução já foi apresentada aos deputados e que Mariana Leitão vai mesmo ser a sucessora.

Em entrevista ao Observador antes da Convenção da IL, Mariana Leitão tinha deixado claro que havia “dois momentos diferentes”, afastando a obrigatoriedade de ser candidata novamente à presidência do Conselho Nacional: “Uma coisa é estar-me a candidatar agora enquanto [número um] de uma lista ao Conselho Nacional. Haverá outro momento que será a determinação das listas que vão candidatar-se à mesa do Conselho Nacional”. O cenário hipotético nunca foi tema durante a campanha, mas acaba por se confirmar agora que a decisão está tomada.

Na Iniciativa Liberal, os conselheiros que conquistam um assento no órgão têm a possibilidade de se candidatar à mesa — chegou até a ser discutida a possibilidade de haver candidaturas individuais e não em lista — e a tradição tem ditado que seja a lista vencedora a formar a mesa (sem que essa seja uma regra).

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Aliás, no mandato liderado por Mariana Leitão foram mesmo chamados elementos das outras duas listas para formar a mesa do Conselho Nacional — Pedro Martins, da lista I, era o primeiro secretário e João Almeida, da lista de José Cardoso, o segundo secretário. Aos olhos de vários conselheiros opositores ouvidos pelo Observador, é importante que o exemplo do passado se repita para “unir” e “espelhar o resultado” depois de uma disputa interna renhida.

Ao contrário do que era esperado, até pelo facto de Mariana Leitão ter dado a cara pela lista vencedora, o nome que vai apresentar uma lista à mesa é o número dois, Nuno Santos Fernandes. É um dos fundadores, o membro número quatro da Iniciativa Liberal e foi presidente do Conselho Nacional de 2017 a 2020.

Conhecido por ser “até mais consensual“, tendo em conta que Mariana Leitão liderou a mesa numa fase em que o partido estava a crescer e em que começaram os problemas internos, Nuno Santos Fernandes é uma solução que agrada tanto à linha da direção como a vários membros da oposição ouvidos pelo Observador, sendo que a inclusão de nomes de outras listas nos quatro lugares da mesa será fundamental para que o nome seja aprovado.

Feitas as contas, a lista de Mariana Leitão e Nuno Santos Fernandes tem 24 conselheiros. Na lista de Miguel Ferreira da Silva ao Conselho Nacional há também quem apoie Rui Rocha, mas o exercício de aritmética não é simples: a grande incógnita está na possibilidade de haver mais do que uma equipa candidata à Mesa.

O cenário não está completamente afastado, mas fontes ouvidas pelo Observador só colocam a hipótese como possível no caso de não haver qualquer representatividade na mesa apresentada por Nuno Santos Fernandes, até porque a esmagadora maioria concorda que a lista que vence deve formar a mesa.

Ainda assim, este cenário só se coloca no caso de a Comissão Executiva abdicar do direito de voto no Conselho Nacional — uma promessa de Carla Castro que Rui Rocha nunca acompanhou. Partindo do princípio que pelo menos 24 conselheiros estão alinhados com a corrente da liderança e que há 26 das restantes listas, para derrotar a equipa vencedora seria preciso que todos os opositores se colocassem ao lado de um nome comum e que a direção optasse por não votar.

Questionado pelo Observador sobre o sentido de voto da Comissão Executiva no CN, fonte oficial da IL explica que “cada membro da Comissão Executiva é membro por si só e de forma independente do Conselho Nacional” e “votará como bem entender“. “Não há nem haverá disciplina de voto na Comissão Executiva de Rui Rocha, como já não houve no passado”, sublinha a mesma fonte do partido.

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