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O dia de Pepe que acontece uma vez em cada 40 anos (a crónica do FC Porto-Gil Vicente)

Este artigo tem mais de 1 ano

Golos anulados, expulsões, bolas na trave: depois de um arranque a todo o gás, tudo aconteceu aos dragões que falharam com 11, lutaram com nove, ficaram a oito e têm no 3 um verdadeiro líder (1-2).

Pepe ainda tentou ajudar a equipa em posições mais avançados quando FC Porto estava reduzido a nove mas não conseguiu evitar derrota com Gil Vicente
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Pepe ainda tentou ajudar a equipa em posições mais avançados quando FC Porto estava reduzido a nove mas não conseguiu evitar derrota com Gil Vicente

Pepe ainda tentou ajudar a equipa em posições mais avançados quando FC Porto estava reduzido a nove mas não conseguiu evitar derrota com Gil Vicente

A derrota em Milão travou uma série de vitórias consecutivas do FC Porto mas nem por isso fechou as contas na eliminatória dos oitavos da Liga dos Campeões frente ao Inter, mantendo na mesma a caminhada de seis triunfos seguidos no Campeonato como fator de motivação para debelar um desaire consentido nos minutos finais com sabor a injustiça entre os elementos dos azuis e brancos. E era nesse contexto que chegava mais um encontro no Dragão frente ao Gil Vicente, apagando o que se passara antes e sem pensar no que se vai passar depois. “Os jogos são todos diferentes. Não há jogos iguais até porque as equipas vão mudando consoante a forma dos jogadores, os castigos… Cada jogo tem a sua história e nós queremos escrever da melhor forma a do próximo jogo, fazendo um jogo competente e ganhando”, destacava Sérgio Conceição.

FC Porto-Gil Vicente. Sérgio faz três mexidas, Wendell, Eustáquio e Danny Loader entram de início

Apesar da habitual “azia” pela desvantagem trazida de Itália, num encontro onde Otávio foi expulso pela primeira vez por acumulação de amarelos, o técnico olhava para a preparação do jogo frente aos minhotos passando ao lado desse desaire na Liga dos Campeões, dos poucos dias de preparação e da disposição tática diferente do Gil Vicente. “Temos de focar muito na nossa equipa mas também a olhar para o adversário. Precisamos de anular alguns pontos fortes, fazendo trabalho específico que nós treinadores precisamos de fazer. Precisamos de ter um grupo que conhece bem o que o treinador quer, ser fiel aos princípios da equipa. Por vezes o tempo é pouco e queríamos mais mas não é possível. Gostamos do calendário que temos, diz que a equipa está em todas as frentes e isso deixa-me muito satisfeito”, referira.

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“Impacto da derrota? Quando temos a consciência que demos tudo o que temos de dar… A azia é grande por perder mas não é tanta como se entrássemos em Milão e não discutíssemos o jogo. Aí não há arrependimento. Obviamente que olhamos para o jogo e pensamos que podíamos ter feito algo diferente… Possivelmente sim. Foi um jogo num contexto muito difícil. Houve um ou outro jogador que jogou quase sem ir ao campo, só com palestra, e por vezes não é fácil. O espaço que pisam é no campo, e isso faz toda a diferença. Agora o Galeno não vai estar, Evanilson provavelmente também estará fora… Hoje não esteve com a equipa, vamos ver. Há alguns problemas e temos de olhar para eles sem nos debruçarmos sobre isso. Com mais opções, claro que ficaria mais feliz”, acrescentara na projeção das opções disponíveis para o jogo.

No entanto, e num clube muito centrado na figura de uma pessoa (Pinto da Costa) e que tem ganho outra grande figura com o passar dos anos e dos títulos chamada Sérgio Conceição, este era o dia da grande figura, a maior de todas no relvado: Pepe. Do presidente ao treinador, dos companheiros de clube aos da Seleção, todos foram deixando rasgados elogios ao central pelo 40.º aniversário comemorado este domingo mas já antecipado este sábado, quando o pequeno fã Gustavo Costa montou uma homenagem ao jogador à porta do Olival com cartazes, imagens e balões que deixaram o internacional visivelmente emocionado.

40 anos, 40 histórias: Pepe, o central com nome de astrónomo que entre excessos fez do futebol uma ciência

“É uma grande pessoa, homem, chefe de família. É a partir desses valores e dessa base que depois é tudo o resto. É uma pessoa fantástica, daquelas que tive o prazer de conhecer enquanto jogador mas que vai ficar para a vida como amigo. Revejo-me em muitas das coisas que ele é. Profissional, chefe de família, filho, pai e por aí fora… Fico extremamente feliz por ele completar 40 anos com esta vitalidade, saúde, forma de estar e ambição. Se há jogador que representa os pilares inegociáveis que temos no FC Porto é ele. O rigor que pedimos, a competência que tem, o facto de ter jogado ao mais alto nível durante anos contra os melhores avançados… A ambição que continua a ter diariamente para ganhar e aprender a cada minuto alguma coisa. E depois, tudo isso só se consegue com uma paixão enorme pelo futebol e pela vida”, enaltecia Sérgio Conceição numa das muitas intervenções sobre o marco que o central atingia em dia de jogo.

Tudo estava preparado para uma enorme festa aos azuis e brancos em torno do capitão, com várias tarjas, cartolinas e imagens de Pepe um pouco por todo o Estádio do Dragão. Contudo, e sem que nada o fizesse prever até pelo arranque a todo o gás nos 20 minutos iniciais, o FC Porto deixou-se levar na espiral de uma lei de Murphy onde tudo o que podia correr mal, correu ainda pior. A ganhar e a jogar 11×11, ficou a versão desconhecida de uma equipa a dar espaços invulgares, a falhar nas transições e a colocar-se a jeito para uma reviravolta do Gil Vicente que se viria a confirmar; mais tarde, a jogar 9×11, sobrou a vontade de quem tentou o impossível mais com o coração do que com a cabeça mas não evitou a derrota. Pepe teve na mesma as bancadas a cantarem o seu nome em sinal de homenagem até pela exibição que fez e que o deixou fisicamente de rastos (sendo notórias as lágrimas no jogador portista pela atitude) mas o dia especial acabou por transformar-se numa série de fenómenos daqueles que só acontecem provavelmente de 40 em 40 anos.

Ficha de jogo

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FC Porto-Gil Vicente, 1-2

22.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, em Lisboa

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

FC Porto: Diogo Costa; João Mário, Pepe, Marcano, Wendell (Zaidu, 46′ e Toni Martínez, 86′)); Uribe, Eustáquio (Rodrigo Conceição, 79′); Otávio, Pepê, Danny Loader (Gonçalo Borges, 46′) e Taremi

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Fábio Cardoso, Zaidu, Rodrigo Conceição, Grujic, Bernardo Folha, André Franco, Gonçalo Borges e Toni Martínez

Treinador: Sérgio Conceição

Gil Vicente: Andrew; Zé Carlos, Rúben Fernandes, Tomás Araújo, Adrián Marín; Aburjania, Pedro Tiba (Roan Wilson, 82′), Fujimoto; Murilo (Bilel, 72′), Boselli (Marlon, 72′) e Fran Navarro (Kevin, 90+1′)

Suplentes não utilizados: Brian, Né Lopes, Lucas Barros, Gabriel Pereira e André Simões

Treinador: Daniel Sousa

Golos: Taremi (4′), Fran Navarro (27′) e Murilo (45+2′, g.p.)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Fujimoto (22′), Uribe (42′ e 52′), Otávio (63′), Zé Carlos (63′), Fran Navarro (75′), Eustáquio (76′), Pepe (78′), Andrew (82′) e Bilel (86′); cartão vermelho direto a João Mário (33′) e por acumulação a Uribe (52′)

Antes dessas manifestações ao central, Taremi assumiu o protagonismo dando também razão às palavras de Sérgio Conceição antes do encontro, a defender o seu avançado apesar dos quatro jogos em branco e de ter feito apenas dois golos nas últimas dez partidas. “Vocês dizem isso de acordo com estatísticas… Eu olho para o jogo do Taremi em Milão, fez um jogo bastante competente. Claro que a cereja no topo do bolo era concretizar uma ou outra ocasião flagrante que teve, mas se ele não estivesse lá e não trabalhasse, aí é que estaria preocupado. Os golos vão surgir. O Taremi tem dado tanto à equipa que seria redutor olhar para os últimos meses. É um grandíssimo profissional, um grandíssimo jogador, que já deu muito ao FC Porto e vai continuar a dar”, defendera o técnico antes do jogo. E o iraniano deu-lhe razão: depois de ter visto um golo anulado com apenas 16 segundos por fora de jogo, o avançado não perdoou no cara a cara frente a Andrew após uma grande saída rápida de Otávio que teve assistência do lado direito de Danny Loader (4′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do FC Porto-Gil Vicente em vídeo]

Sérgio Conceição tinha falado em nuances tendo em conta o adversário em causa e houve uma em particular na frente que foi fazendo a diferença nos minutos iniciais da partida, com Taremi a descair mais na esquerda até vir para o meio quando Wendell dava a profundidade, Danny Loader a fazer o mesmo na direita e Otávio a ler os movimentos de Pepê para ir percebendo que terrenos pisava mais pelo meio ou nas alas. Foi assim que Pepê, numa insistência de João Mário que conseguiu ainda ir buscar um centro mais largo de Wendell, fez o mais difícil e falhou isolado na área (9′). Foi assim que Danny Loader, após receber de Pepê descaído sobre a direita, trabalhou bem para acertar com estrondo na trave (18′). No entanto, o que a equipa azul e branca tinha de bom com bola revelava de mau sem ela, com o Gil Vicente a perceber os espaços que encontrava quando conseguia dar largura ao seu jogo e a arriscar um pouco mais em busca do empate.

Fran Navarro já tinha deixado uma ameaça antes, com um desvio de cabeça ao lado apertado pelos centrais portistas (11′). A partir dos 25′, houve de tudo um pouco no meio-campo e na área dos campeões com a pior fase do encontro a permitir a reviravolta e a colocar a equipa numa situação limite: Boselli testou Diogo Costa para defesa do guarda-redes numa boa saída com remate de pé esquerdo (25′), Fran Navarro fez o empate numa jogada que começou num passe fantástico de Tomás Araújo para Zé Carlos antes do desvio na pequena área (27′), João Mário foi expulso por ter cortado com a mão um lance que poderia deixar Boselli isolado (33′), Murilo acertou com estrondo na trave em mais uma jogada que deixou expostas as dificuldades que Wendell enfrentava no encontro (40′) e o mesmo Murilo fez o 2-1 de penálti em mais um lance de VAR onde Rui Costa sancionou um pisão de Uribe em Boselli quando tentava ganhar posição na área (45+2′).

Sérgio Conceição já tinha manifestado por mais de uma vez toda a sua irritação com a exibição de Wendell mas não ficou por aí na altura de mexer ao intervalo, trocando não só de lateral esquerdo (entrou Zaidu) mas também de peças do meio-campo para a frente, prescindindo de Danny Loader para a entrada de um ala desequilibrador como Gonçalo Borges. E houve alguns sinais de que essa redistribuição de posições dava outra harmonia à equipa, que estava bem mais equilibrada com e sem bola do que no final da primeira parte. No entanto, e com poucos minutos jogados, uma entrada tardia de Uribe no tornozelo de Zé Carlos acabou por dificultar ainda mais a tarefa dos azuis e brancos, que ficaram reduzidos a nove jogadores aos 52′.

O jogo em si, jogo como conhecemos e como houve no primeiro tempo, acabou. Por um lado, o Gil Vicente ia tentando chegar à baliza dos azuis e brancos mas tentava sobretudo garantir em todos os lances que nunca era apanhado desprevenido numa qualquer saída ou bola longa. O FC Porto, esse, tentava fazer um jogo para a história. E ainda houve esperança no Dragão na sequência de uma grande jogada entre Taremi e Pepê onde Eustáquio marcou mas o golo acabou por ser anulado por fora de jogo (68′). Esse seria o último golpe no estado anímico dos azuis e brancos, que conseguiram disfarçar até ao último terço a inferioridade de dois jogadores mas não tinham presença nem pernas para fazer a diferença na frente. E por mais que Pepe e até Marcano tenham desafiado o impossível em termos físicos, a derrota já não seria invertida.

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