As novas tecnologias estão cada vez mais ao serviço da arqueologia. Em vez dos velhos pequenos pincéis e picaretas com que os arqueólogos descobriam antiguidades, agora técnicas não invasivas, incluindo termografia infravermelha, simulações 3D e imagens de raios cósmicos, permitem ‘espreitar’ para dentro de estruturas tão antigas como as pirâmides de Gizé, com mais de 4 500 anos: e foi graças a ela que esta quinta-feira foi anunciada a descoberta de um novo corredor oculto, perto da entrada da Grande Pirâmide.
O espaço, semelhante a uma passagem, tem cerca de 2 metros de largura e 9 de comprimento, e provavelmente foi projetado para ajudar a aliviar o peso da vasta estrutura, que foi construída como uma monumental sala de câmaras mortuárias reais por volta de 2560 A.C.
O anúncio foi feito pelas autoridades das antiguidades egípcias esta quinta-feira. A descoberta foi feita dentro da pirâmide, a última das Sete Maravilhas do Mundo Antigo ainda de pé, no âmbito do projeto Scan Pyramids, que é usado desde 2015, avançou a Reuters e vários sites especializados de arqueologia.
A hidden corridor nine meters long has been discovered close to the main entrance of the 4,500-year-old Great Pyramid of Giza, and this could lead to further findings, Egyptian antiquities officials said https://t.co/F3JM25JwGc 1/4 pic.twitter.com/IXeZpbSmxE
— Reuters (@Reuters) March 2, 2023
Num extenso e explicativo artigo publicado na revista Nature, mostra-se como esta descoberta pode vir a contribuir para o conhecimento sobre a construção da pirâmide (ainda hoje um mistério e alvo de inúmeras teorias) e qual a finalidade da estrutura de pedra calcária que fica em frente ao corredor agora encontrado.
A técnica usada rastreia partículas de muãos de raios cósmicos, que bombardeiam a Terra perto da velocidade da luz e penetram objetos sólidos com mais eficácia do que os raios-X, permitindo assim que os cientistas visualizem com precisão a presença de estruturas. Em 2016 e 2017, a ScanPyramids já tinha anunciado várias descobertas deste género dentro da Grande Pirâmide. Em 2017, foi encontrada o primeiro grande achado na pirâmide desde o século XIX: via-se um vazio, um buraco, que agora é a Grande Galeria, uma série de passagens e câmaras. Antes já tinha sido descoberta a câmara do rei, que fica quase no centro da pirâmide, e uma câmara menor, a da rainha.
A Grande Pirâmide foi a estrutura mais alta feita por humanos até a Torre Eiffel em Paris em 1889. Construída no reinado do faraó Khufu (Quéops), chegou a ter 149 metros, mas agora tem menos dez (139), devido à erosão.