Podem chamar o Fox Mulder, o Jack Bauer e o Nicholas Brody, que no dia 9 de Março temos encontro marcado para uma das maiores estreias no canal AXN, já que nos EUA teve mais de 11 milhões de espectadores no lançamento do primeiro episódio.

Accused baseia-se numa antologia britânica da BBC com o mesmo nome, e é composta por 15 episódios com 15 histórias diferentes, mas que começam sempre da mesma forma: um julgamento de tribunal e um acusado que não sabemos porque está a ser julgado.

As histórias são contadas na primeira pessoa, em retrospectiva, através de flashbacks, memórias e pontos de vista do réu que desvendam os detalhes do caso até chegarmos à acusação final, onde percebemos os motivos que o levaram a transgredir os limites da lei, entrando num dilema moral que nos faz questionar: “o que é que eu faria nesta situação?”

“E se fosse comigo?”

A ideia central de Accused é mostrar que qualquer um de nós pode, numa situação limite e fora do nosso controlo, tomar uma má decisão que influencia o nosso destino e mudar a nossa vida para sempre. Apesar de todas as histórias da série serem ficção, um caso famoso que inspirou o primeiro episódio foi o de Hideaki Kumazawa, um diplomata japonês e ex-ministro que matou o próprio filho por ter fortes motivos para acreditar que este fosse cometer uma série de ataques numa escola, acabando por ser condenado.

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Ao longo das 15 histórias diferentes, a série explora temas tão atuais como a saúde mental, o racismo, identidade de género e classes sociais, numa cinematografia crua que nos provoca e deixa desconfortáveis por nos imaginarmos no lugar do acusado, com dilemas tão profundos como “o que é que eu faria se estivesse frente a frente com o violador da minha filha?” ou “seria capaz de raptar um bebé para o proteger?”.

O caso de Cyntoia Brown

Um outro caso que dividiu o mundo foi o de Cyntoia Brown, condenada em 2006 a prisão perpétua, com 16 anos, por ter assassinado Johnny Allen, o homem que a tinha violado, maltratado e feito dela sua escrava sexual, quando esta era ainda menor de idade.

Na altura, a acusação do tribunal do Tennessee, nos EUA, foi bastante controversa e acabou inclusivamente por gerar uma onda de solidariedade global, com várias celebridades como Rihanna, Kim Kardashian ou Cara Delenvigne a protestarem publicamente contra a decisão. Contudo, quando em 2019 o tribunal decidiu libertar Cyntoia por clemência judicial, um pequeno grupo de pessoas discordou da decisão, alegando que não fazia justiça ao assassinato de Johnny Allen.

Os “accused” portugueses

Como se costuma dizer, “a ficção imita a realidade, e a realidade imita a ficção”, e nem só de casos internacionais é feito o nosso imaginário de crimes e tribunais.

Em janeiro de 2022, Bruno Domingues, de 34 anos, agrediu até à morte o ex-sogro, depois deste ter admitido que tinha violado a neta (filha de Bruno) mais do que uma vez. Quase um ano depois, o tribunal aplicou uma condenação de 8 anos por homicídio, uma condenação sensível às motivações do crime, mas que defende acima de tudo que o Estado de Direito não pode permitir que as pessoas façam justiça pelas próprias mãos e tirem a vida a outros. Inevitável é a pergunta que fica: “O que faria eu no lugar do Bruno?”

A começar já no dia 9 de Março, pelas 22h50, no AXN Portugal, cada episódio contará uma nova história que nos fará reflectir sobre a fragilidade humana na sociedade atual, transportando-nos para o lugar do réu para nos obrigar a pensar não só no que nós faríamos naquela situação, mas também o que faria a pessoa sentada ao nosso lado, a ver a série connosco.

Uma série que promete gerar discussão e mostrar a verdadeira emoção vivida dentro de uma sala de tribunal.