A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) pediu esta terça-feira, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, a libertação de 73 mulheres jornalistas presas em todo o mundo, alertando para o “progressivo desaparecimento” de mulheres da imprensa no Afeganistão.
Dos 550 jornalistas e trabalhadores dos media atualmente presos em todo o mundo, 73 (mais de 13%) são mulheres, uma proporção que duplicou nos últimos cinco anos, informa a RSF em comunicado divulgado.
A organização defende que as jornalistas pagam o preço de estar na vanguarda da profissão, e lembra que há mais de uma dezena de jornalistas atualmente detidos no Irão, presos como resultado da onda de protestos gerada pela morte de Masha Amini nas mãos da polícia.
A RSF cita casos semelhantes de jornalistas presos na China, Bielorrússia, Birmânia ou Vietname por reportarem questões que incomodam a esses regimes autoritários, que denunciaram tortura e más condições prisionais.
O comunicado da RSF destaca a situação das mulheres jornalistas no Afeganistão, um ano e meio após o regresso dos talibãs ao poder, somando, das 2.300 mulheres jornalistas no Afeganistão, antes de 15 de agosto de 2021, dia em que assumiram o cargo, menos de 10% ainda a trabalhar.
Além disso, “devem aceitar condições cada vez mais draconianas, senão impossíveis”, refere a organização, acrescentando que as mulheres jornalistas que aparecem diante das câmaras de televisão só podem deixar os olhos visíveis, pois o restante do corpo tem de estar coberto.
A RSF denunciou ainda que o regime Talibã proibiu, recentemente, as mulheres jornalistas de entrevistar homens e de participar de conferências de imprensa em algumas províncias.