Algumas das obras que Vhils criou a partir de centrais da EDP desativadas, a serem submersas no Algarve, naquela que será a “primeira exposição subaquática do território marítimo português”, podem ser vistas até 15 de abril, em Lisboa.
As obras foram concebidas tendo em conta a promoção de um ecossistema favorável ao crescimento de recifes de coral e ao aparecimento de formas de fauna e flora marítimas, segundo a apresentação do projeto.
Em comunicado, a EDP e o Vhils Studio explicam que a “‘EDP Art Reef’ é uma intervenção artística de Alexandre Farto aka [sigla para ‘also known as’ – também conhecido como, em português] Vhils sobre peças de centrais a carvão e fuel que a EDP desativou para dar lugar a projetos renováveis”.
Duas dessas peças “já estão disponíveis para serem visitadas pelo público”, de forma gratuita na sede da EDP, situada na zona do Cais do Sodré, antes de serem “submersas na primeira exposição subaquática do território marítimo português”.
Assim, até 15 de abril, “os visitantes poderão ver em primeira mão a intervenção feita pelo artista em peças de antigas centrais termoelétricas da EDP, que terão agora uma nova vida no fundo do oceano”.
As duas peças em exposição são “Periscópio” e “Carcer”. A primeira, que “representa o ponto de entrada na exposição”, é uma escultura cilíndrica com 5,30 metros de altura e 4,77 metros de diâmetro, já a segunda é “composta por uma escultura feita a partir de um tanque de ferro com 2,80 metros de altura, 3 metros de largura, 4,20 metros de comprimento e uma sapata em betão com 4,20 metros de largura e 3 metros comprimento”.
O projeto tem sido desenvolvido ao longo dos últimos três anos, durante os quais “o Vhils Studio e mais de 200 pessoas de várias equipas se envolveram na visita às centrais desmanteladas, na criação do conceito criativo do EDP Art Reef, na escolha dos materiais e na intervenção” sobre eles.
A exposição subaquática, composta por “peças únicas e de grande envergadura que se transformarão ao longo do tempo pela influência dos elementos”, estará ao largo da costa de Albufeira.
As obras que a compõem “foram pensadas de forma a gerar um novo recife artificial e estarão submersas a cerca de 12 metros de profundidade, sendo por isso apenas visitáveis através da prática de mergulho qualificado”.
Para Vhils, citado no comunicado, “a ideia de submergir instalações compostas por peças de centrais termoelétricas desmanteladas no oceano carrega um forte peso metafórico, tanto no que diz respeito à consciencialização sobre a necessidade do uso responsável de recursos, como no sublinhar de questões ambientais que necessitam de respostas urgentes, e que advêm da atividade humana no planeta”.
“O objetivo deste projeto é o de potenciar o desenvolvimento de formas inovadoras que levem à criação de sistemas que estabelecem uma relação de harmonia com a natureza. A transformação destes materiais num ecossistema propício ao crescimento de recifes de coral e ao acolhimento de várias formas de fauna e flora marítima é um exemplo desta abordagem, e espero que este seja o primeiro de muitos passos rumo a um futuro cada vez mais consciente e sustentável”, afirmou o artista.
No comunicado é explicado que o projeto “foi aprovado pelas autoridades competentes, que concluíram que [este] não terá impacto negativo no ecossistema, representando uma mais-valia ambiental que vai contribuir de forma positiva para o desenvolvimento do ecossistema local”.
“Por recomendação de biólogos marinhos que dão apoio técnico ao projeto, todas as peças foram pensadas de forma a permitir a passagem da fauna local, e serão implantados corais vivos resgatados e conservados em cativeiro na [sua] base”, referem a EDP e o Vhils Studio, acrescentando que o local da exposição “será monitorizado ao longo dos próximos anos, estando disponível para o estudo científico e ambiental, além das suas vertentes culturais e de consciencialização”.
O EDP Art Reef foi desenvolvido com o apoio de entidades como a Câmara Municipal de Albufeira, o Turismo de Portugal e o CCMar (Universidade do Algarve), e validado pela Direção Geral de Recursos Naturais e pela Agência Portuguesa do Ambiente, assim como por outras entidades competentes.
Além disso, a submersão das peças é licenciada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e pela Autoridade Marítima Nacional.