A etapa de mais alta montanha com chegada a Sassotetto tinha condições para provocar estragos na geral, o vento, a chuva e a própria forma tática como as principais equipas abordaram os quilómetros finais acabou por precipitar mais uma chegada em conjunto em terreno sagrado para Primoz Roglic saltar para a liderança mas havia um dado que deixava tudo em aberto para a penúltima tirada em Osimo: o top 10 era composto por corredores de seis equipas (Jumbo, Bora, UAE Team Emirates, Ineos, Trek e Movistar) separados por apenas 30 segundos e ainda com uma Bahrain que se tinha mostrado na véspera. Ou seja, maior desafio para João Almeida, que estava em terceiro, era quase impossível. As próprias características da etapa não eram propriamente as melhores para conservar o lugar no pódio. A resposta, essa, não podia ter sido melhor.

João Almeida aguentou-se até ao fim, chegou junto do líder e deve ficar com o segundo lugar do Tirreno-Adriático

O sobe e desce até Osimo conseguiu provocar cortes como até aí não se tinham registado. Wilco Kelderman foi o que mais perdeu, Jai Hindley e Aleksandr Vlasov também caíram na classificação, Lennard Kämna ficou sem o apoio que precisava para defender o segundo lugar na geral (ou arriscar até recuperar a camisola azul), o próprio Brandon McNulty cedeu quase um minuto. Lá na frente, entre a terceira vitória consecutiva de um Primoz Roglic que não ganhava etapas há mais de 200 dias depois da queda que o fez desistir da Vuelta, João Almeida não só chegou com o esloveno como ainda foi buscar mais quatro segundos de bonificação pela terceira posição, apenas batido por Tao Geoghegan Hart mas à frente de Enric Mas e Mikel Landa. Em resumo, e na tirada em que poderia estar em risco, ainda acabou por cima de todos menos Roglic.

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Mais uma etapa, mais um top 10, na mesma no pódio: João Almeida mantém terceiro lugar no Tirreno-Adriático (e a liderar juventude)

“Senti-me bem todo o dia. A equipa fez um grande trabalho ao proteger-me num dia caótico. O corredor mais forte venceu. Queria ganhar, mas não tenho arrependimentos. Ele [Roglic] está super forte, o que não é uma surpresa. Estou satisfeito com a minha semana. Claro que queríamos vencer, mas podemos estar felizes com o pódio. Fizemos tudo o que podíamos”, comentou o português da UAE Team Emirates, que foi um dos principais impulsionadores da etapa e que arriscou por uma vitória em Osimo que não chegou mas que teve o condão de mexer com toda a classificação, colocando-o em segundo a 18 segundos de Roglic.

Depois de um início de ano “frustrante” na Volta ao Algarve, destacando-se na chegada ao Alto do Malhão onde apenas perdeu para Thomas Pidcock por um segundo antes de um contrarrelógio que não correu bem e que lhe tirou três posições na geral para um sexto posto final, o Tirreno-Adriático confirmou a preparação bem conseguida para esta fase da temporada tendo ainda mais um ponto histórico entre um dos melhores resultados de João Almeida no World Tour, ao igualar a melhor presença de um português na prova depois da segunda posição de Acácio da Silva em 1985. Ainda assim, faltava ainda a última etapa (154km).

Em condições normais, a chegada a San Benedetto del Tronto deveria ser feita ao sprint, não provocando alterações na classificação geral e deixando Almeida com um resultado bem melhor do que em 2021 quando foi sexto (em 2022 fez o Paris-Nice). E foi mesmo isso que aconteceu, com a fuga a ser neutralizada já nos cinco quilómetros finais antes de mais um grande duelo entre alguns dos melhores sprinters da atualidade que terminou desta vez com a vitória de Jasper Philipsen após um grande trabalho da Alpecin.

Na classificação geral, Primoz Roglic (Jumbo) venceu com menos 18 segundos do que João Almeida (24.º na sétima e última etapa) e menos 23 do que Tao Geoghegan Hart (Ineos). Seguiram-se Lennard Kämna (Bora, a 34”), Giulio Ciccone (Trek, a 37”), Enric Mas (Movistar, a 41”), Mikel Landa (Bahrain, a 56”), Hugh Carthy (EF Education, a 57”), Aleksandr Vlasov (Bora, a 1.10) e Thibaut Pinot (Groupama, a 1.11) no top 10.