Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), considera que a acusação de Nelson Évora, que disse que Portugal “comprou” Pablo Pichardo para que Portugal obtivesse resultados a curto prazo é “intolerável” e de “uma injustiça tremenda”.

Em declarações na Rádio Observador, o responsável da federação afirmou que o termo “compra” usado por Nelson Évora o “choca“, esclarecendo que “não houve nenhum aliciamento” a Pablo Pichardo por parte da federação: “Não compramos atletas, não convidámos nenhum atleta a ser português.”

“Dizer que a federação compra atletas é intolerável. Apoiamos atletas para chegarem à excelência. Dizer que não apoiamos jovens e que apostamos na compra de atletas é de uma injustiça tremenda”, sublinhou o presidente da federação.

Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo rejeita acusações de Nélson Évora: “Dizer que compramos atletas é intolerável”

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Em causa está a entrevista de Nelson Évora ao Observador, onde disse que Pablo Picharo “foi comprado um para poder ter resultados a curto prazo”. O companheiro de seleção não gostou e reagiu nas redes sociais dizendo que “é melhor” do que Évora.

“Não é à toa que Pichardo está em Portugal. Fiz o que fiz, tive de sair do clube mas Nelson Évora vai ser sempre Nelson Évora”

O presidente da Federação Portuguesa de Atletismo preferia ficar de fora das acusações entre os dois, até por considerar que “não é bom ter na praça pública dois dos melhores atletas [portugueses] envolvidos numa querela deste género”, mas viu-se obrigado a defender a FPA porque “quem cala consente” e “é impossível consentir acusação deste género”.

Questionado sobre a diferença de anos que demorou para Évora e Pichardo a conseguirem a nacionalidade portuguesa, Jorge Vieira esclareceu que está em causa a lei portuguesa e a existência de “casos especiais“, nomeadamente para estrangeiros que possam prestar serviços ao país. E confirmou que a federação fez um parecer da justificar que Pichardo podia “prestar serviços ao país”.

“Houve tratamento diferente. Nelson Évora vem para Portugal com nove anos, não colhia nenhum argumento dentro da lei, não se esperava de uma criança de nove anos ou até ser júnior… não se poderia alegar neste período qualquer argumento para acelerar a naturalização. Teve de se esperar pela maioridade”, explicou o responsável.

Ainda assim, Jorge Vieira fez questão de frisar que a federação “sempre apoiou Nelson Évora para ele ter a carreira brilhante que teve”.

Relativamente às acusações de que se compram atletas em vez de se investir na formação, Jorge Vieira assumiu que “era bom que fosse possível termos substitutos para os nossos campeões”, mas “aparecerem atletas deste nível é muito difícil”. “Mas temos Tiago Pereira, dos melhores do mundo, produto integralmente feito em Portugal. (…) Espero que consiga lá chegar, [está] a treinar com o mesmo treinador que treinou Nelson Évora”, realçou o responsável.

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