Já para lá de meio de março e com nove pontos a separá-los no topo da classificação da liga espanhola, Barcelona e Real Madrid encontravam-se este domingo em Camp Nou e na antecâmara da interrupção das provas de clubes para o início dos compromissos das seleções — e também no segundo de três El Clásicos num mês, depois da primeira mão da meia-final da Taça do Rei e antes da segunda.

Antes do jogo, Xavi deixou o bluff de lado e assumiu que uma vitória frente ao Real Madrid deixaria o Barcelona com o título praticamente garantido. “Ganhar seria um golpe forte. Não seria definitivo, mas seria um bom golpe. Vamos tentar ter mais domínio do que no último jogo, tentar ser muito mais protagonistas do que aquilo que fomos no Bernabéu para a Taça. Suponho que vá ser um jogo muito disputado, mas estes Clássicos são imprevisíveis. É indiferente a forma como chega um ou chega o outro”, explicou o treinador dos catalães.

Do outro lado, Carlo Ancelotti preferia analogias mais… Selvagens. “Temos de ver o Barça como um leão, não como um gato. Se o virmos como um gato, parece que vamos para uma festa. Mas não, vamos jogar contra uma grande equipa e é um jogo importante. Nestes encontros há sempre medo, claro, mas é normal. Medo, nervos… Para mim, as duas horas antes são as piores”, atirou o técnico italiano.

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Neste contexto, Xavi não podia contar com Pedri, que está lesionado e apostava em Sergi Roberto, Busquets e De Jong no meio-campo, com Raphinha e Gavi abertos nos corredores e Lewandowski enquanto referência ofensiva. Ancelotti lançava os naturais Kroos, Camavinga e Modric no setor intermédio, com Valverde e Vinícius no apoio a Benzema, e deixava Rodrygo no banco de suplentes.

O Real Madrid colocou-se em vantagem ainda dentro dos 10 minutos iniciais: Vinícius desequilibrou na esquerda, procurou cruzar para o coração da grande área mas a bola desviou em Araújo e traiu Ter Stegen, com o central uruguaio a não conseguir evitar o autogolo (9′). Os catalães foram atrás do empate e chegaram lá mesmo em cima do intervalo, com Sergi Roberto a converter um quase penálti em movimento na sequência de um lance de insistência do Barcelona (45′).

Carlo Ancelotti mexeu já depois da hora de jogo, tirando Nacho e Kroos para lançar Mendy e Rodrygo, e Xavi só respondeu já no derradeiro quarto de hora e ao trocar Sergi Roberto por Kessié — na mesma altura em que, no Real Madrid, entraram Tchouaméni, Ceballos e Asensio. Os merengues voltaram a marcar já dentro dos últimos 10 minutos, com Asensio a finalizar depois de um cruzamento de Carvajal (81′), mas o lance foi anulado pelo VAR e o Barcelona fez xeque-mate já nos descontos.

Balde apareceu na esquerda, cruzou atrasado para o poste mais distante e Kessié, com um remate cruzado e rasteiro, não deu hipótese a Courtois (90+2′). No dia em que usou “Motomami” de Rosalía bem no centro das camisolas, devido ao acordo comercial com o Spotify, o Barcelona mostrou ser um verdadeiro MotoBarça e venceu o Real Madrid em Camp Nou — ficando com 12 pontos de vantagem na liderança da liga espanhola e aproximando-se cada vez mais do título que não conquista desde 2019.