O Presidente brasileiro, Lula da Silva, e o antigo juiz e senador da oposição Sergio Moro trocaram na quinta-feira acusações sobre a descoberta na véspera de um plano para assassinar autoridades, incluindo o legislador.

Eu não vou falar porque eu acho que é mais uma armação do Moro. Mas eu quero ser cauteloso, eu vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro. Mas eu vou pesquisar”, declarou Lula durante um evento no Rio de Janeiro.

Lula da Silva, um dia antes de o plano ser descoberto, tinha declarado numa entrevista ao canal Brasil 247 que quando esteve na prisão durante 580 dias, condenado pelo então juiz, e usando um palavrão, deu a entender que só pensava em vingar-se de Moro.

O antigo juiz, pela sua parte, respondeu nesse dia a Lula da Silva numa entrevista com o canal CNN Brasil dizendo que o governante estava “a vingar-se do país” e usava uma linguagem de “baixo calibre”.

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Já na quinta-feira, Moro, que chegou a ser ministro da Justiça do Governo de Jair Bolsonaro escreveu nas redes sociais: “senhor Presidente Lula, o senhor que dá risada da ameaça a um senador e a sua família pelo crime organizado, eu lhe pergunto, o senhor não tem decência?”.

Na quarta-feira, a polícia federal desmantelou uma organização criminosa que estava a planear uma série de ataques e assassínios a ocorrer simultaneamente em cinco estados brasileiros contra altos funcionários e políticos.

Entre os visados estava Moro, conhecido internacionalmente por condenar e prender Lula da Silva na operação anticorrupção Lava Jato e que seria ministro da Justiça no Governo de Jair Bolsonaro (2019-2022).

Segundo o atual ministro da Justiça, Flávio Dino, as investigações indicam que os ataques poderiam ocorrer simultaneamente e que os principais suspeitos se encontram em São Paulo e Paraná, estado de Moro e de onde a operação da Lava Jato foi coordenada.

No total, 120 agentes fardados foram mobilizados na quarta-feira para executar 11 mandados de captura e 24 mandados de busca nas casas e propriedades dos suspeitos.

Moro acusou o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma poderosa máfia brasileira de tráfico de droga que surgiu nas prisões de São Paulo nos anos 1990 e é considerada a principal organização criminosa da América do Sul, de ser responsável pelos ataques falhados.

Como ministro da Justiça de Bolsonaro, o agora senador ordenou a transferência de vários líderes do PCC para prisões federais de segurança máxima, onde estiveram isolados durante várias semanas.