Miguel Oliveira já demonstrou que é capaz de protagonizar autênticos contos de fadas em cima de uma mota. Este fim de semana, porém, o filme começou por parecer-se mais com um pesadelo: entre a queda aparatosa que o deixou magoado no pé e na perna e o sofrível 19.º lugar nas sessões de treinos. Na qualificação, porém, o piloto português voltou a mostrar que tem mais de príncipe encantado do que de vilão.

Na Q1 do Grande Prémio de Portugal, Oliveira fez o segundo melhor tempo e assegurou um dos dois lugares de acesso à Q2, garantindo desde logo que iria arrancar numa posição simpática em Portimão. Na ronda decisiva, voltou a assinar uma última volta muito rápida e garantiu a 4.ª posição — atrás de Marc Márquez, que agarrou a primeira pole-position da temporada, Pecco Bagnaia e Jorge Martín mas à frente de Jack Miller, que caiu.

O Falcão começou a surpreender na Q1 e abriu as asas na Q2: Miguel Oliveira sai de 4.º no GP de Portugal

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Ou seja, de 19.º e praticamente arredado das grandes decisões o agora piloto da RNF Aprilia passou a eventual candidato a uma vitória no Algarve. E essa ideia tinha o primeiro teste ainda este sábado, na inaugural corrida sprint: em 2023 e naquela que é a grande novidade do Mundial para este ano, todas as etapas de MotoGP terão também uma corrida sprint na véspera da prova principal. A prova conta com a mesma grelha de partida que ficou definida na qualificação, tem apenas 50% do percurso do circuito e atribui pontos aos primeiros nove classificados. Assim, os primeiros pontos da época eram distribuídos ainda este sábado.

Depois do brilharete na qualificação, Miguel Oliveira acabou por ser muito elogiado pelo novo patrão, Razlan Razali, o diretor da RNF Aprilia. “Ontem foi complicado para o Miguel, especialmente por causa da queda. Ele disse-nos que a mota está bem. Hoje fez algo de mágico para nós e para os adeptos portugueses. Sair de 4.º é bom para nós, a segunda fila é o melhor lugar para nós. Não estamos demasiado atrás. A corrida sprint é algo novo para toda a gente. Ele quer fazer o melhor para si, para a equipa e para os adeptos portugueses”, atirou o malaio.

Marc Márquez segurou a liderança da corrida no arranque, mantendo-se à frente de Bagnaia e Martín, enquanto que Miguel Oliveira não cumpriu muitas curvas até perder o 4.º lugar para Jack Miller. Enea Bastianini e Luca Marini tocaram-se e caíram ainda nas primeiras voltas e agitaram a corrida, com Bagnaia a aproveitar para ultrapassar Márquez e saltar para o topo, mas acabou por ser Martín o grande beneficiado — o espanhol da Pramac deixou o compatriota da Honda cair para terceiro e atacou o atual campeão do mundo para roubar o primeiro lugar, colocando-se em boa posição para ganhar.

Marc Márquez foi caindo, demonstrando não ter o ritmo necessário de forma consistente, e acabou por ser superado por Miguel Oliveira e também por Jack Miller, que ativou o modo ataque para ultrapassar Bagnaia, assentar arraiais no segundo lugar e pressionar Martín. O australiano da KTM ainda chegou a liderar a prova durante alguns segundos mas permitiu que Jorge Martín voltasse ao primeiro lugar para só o perder na última volta, quando Bagnaia aproveitou um erro do espanhol para se tornar o primeiro vencedor de uma corrida sprint na história do MotoGP.

Mesmo na reta final, Miguel Oliveira chegou a ultrapassar Marc Márquez e Jack Miller e a rodar no terceiro lugar — o piloto português parecia ter o pódio praticamente assegurado quando, numa das últimas curvas, cometeu um erro e saiu demasiado largo para permitir uma queda de várias posições. No fim, Oliveira cruzou a meta no 7.º lugar e conquistou os primeiros pontos da temporada, enquanto que Jorge Martín e Marc Márquez fecharam o pódio no Algarve.