Os adversários não eram propriamente os mais complicados, nem por isso Portugal tirou o pé do acelerador para alcançar duas goleadas. E houve um pouco de tudo, sobretudo três golos de cabeça como já não havia há quase 20 anos entre a estreia de Bernardo Silva com um grande gesto técnico e o segundo de três golos na Seleção de Otávio também pelo ar. Contas feitas, e mesmo com uma grande penalidade pelo meio falhada por Rafael Leão, a Seleção voltou a abrir uma fase de qualificação para um Europeu com dois triunfos como não acontecia desde 1996 e apenas pela segunda vez sem consentir qualquer golo marcando dez. Dos dez, quatro foram de Cristiano Ronaldo, que não terminou nenhum dos encontros. E aumentou o seu legado.

João, o carregador de piano da orquestra do Grão-Duque Ronaldo e companhia (a crónica do Luxemburgo-Portugal)

Com mais golos golos marcados contra a principal “vítima” em jogos da Seleção, o avançado chegou aos 11 golos noutros tantos encontros frente ao Luxemburgo, tendo ainda somado a 31.ª partida a marcar pelo menos dois golos num total de 122 que já leva por Portugal. Ou seja, mais do que Pauleta, Eusébio e Luís Figo, os outros melhores marcadores da Seleção, em conjunto (47, 41 e 32 = 120). Em paralelo, e num outro recorde que aumentou, reforçou o estatuto de jogador mais internacionais e está a dois jogos dos 2000. No final, Roberto Martínez voltou a deixar elogios ao jogador do Al Nassr, destacando a importância no grupo.

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“É um jogador único a nível mundial, é o que tem mais internacionalizações. A experiência dele no balneário é muito importante. Todos os jogadores têm um papel importante. Os jovens com a vontade de jogar e demonstrar o que vale, os mais velhos, como Cristiano, Bernardo e Patrício, trazem a experiência. É importante ter um balneário completo”, comentou na zona de entrevistas rápidas da RTP3.

O técnico espanhol abordou também mais uma goleada frente ao Luxemburgo, que lhe permitiu tornar-se o décimo selecionador a começar com duas vitórias depois de Laurindo Grijó, Salvador do Carmo, Otto Glória, José Augusto, Juca, Fernando Cabrita, José Torres, António Oliveira e Paulo Bento e o melhor a nível de golos marcados e sofridos (10-0), ao mesmo tempo que prolongou a série de encontros a ganhar em fases de apuramento do Europeu para 12, contando também com as partidas que fez no comando da Bélgica. Mais uma vez, golos e resultado à parte, o espanhol preferiu valorizar o nível de compromisso dos jogadores.

“O nosso começo foi muito forte. Parámos a possibilidade de contra ataque e depois, como equipa, criámos oportunidades muito claras e que foram muito bem concluídas. O jogo foi muito completo. O jogo sem bola, a reação à perda, manter a baliza a zero… Foi essa a razão para ganhar a partida. Laterais a dar largura? É importante jogar como equipa. Um jogador que tem a bola precisa de largura e de ter linhas de passe. Esse é o trabalho no treino, de entender o que pretendemos fazer. Por isso, este estágio foi muito bom. Mas devemos melhorar e trabalhar juntos”, referiu ainda na zona de entrevistas rápidas da RTP3.

“Fizemos mudanças nas posições de mais desgaste físico. Gostei muito de ver o Gonçalo Inácio mas era importante dar descanso hoje. Foi muito importante ver o António Silva a entrar numa posição que hoje foi muito importante para defender as transições do Luxemburgo. A experiência do Danilo e do Rúben Dias… Acho que a equipa foi muito forte defensivamente. Ronaldo ou Ramos? Valorizo quem está em campo. O Cristiano tem uma experiência internacional incrível e o Gonçalo Ramos pode jogar com o Cristiano. Mas isso não é debate, não devemos olhar para os jogadores, há que olhar para o nível da equipa. A equipa esteve muito concentrada e valorizo isso. Os jogadores dependem de muitas coisas, tenho 35/36 jogadores de alto nível. Se falarmos dos que não jogam, entramos na dinâmica errada”, comentou na conferência.

“Não gostei de 25 minutos da primeira parte contra o Liechtenstein mas a atitude, o nível, a intensidade do treino, do trabalho, foi espetacular. Foi melhor do que eu esperava. Estes jogos foram muito diferentes. Portugal deve ser uma equipa variável e gosto da flexibilidade tática desta equipa. Temos uma semana de trabalho, conseguimos seis pontos, e estou mito satisfeito. Mas é um caminho longo, isto foi um ponto de partida positivo. Regresso em junho? Estou habituado, é a minha experiência dos últimos sete anos. Devo trabalhar da mesma maneira, mas agora sem os jogadores. Daqui a nove semanas jogamos com a Bósnia e a Islândia. O meu trabalho não para, mas é muito diferente ter ou não os jogadores”, concluiu.