Todos os arguidos do processo da morte de Sara Carreira vão a julgamento. Esta segunda-feira, o Tribunal de Santarém decidiu, tendo em conta que o acidente foi “um processo causal complexo”, que o ator Ivo Lucas, que conduzia o carro onde seguia Sara Carreira, a cantora Cristina Branco e Paulo Neves, que conduzia sob o efeito de álcool e a uma velocidade abaixo do permitido, devem ir a julgamento pelo crime de homicídio negligente — Ivo Lucas e Paulo Neves na forma grosseira. Já Tiago Pacheco vai responder pelo crime de condução perigosa. No entanto, apesar da pronúncia, Tony Carreira, considerou à saída do tribunal que “não vai acontecer nada a ninguém”.

Excesso de álcool, velocidade a mais e desatenção ao volante. O que leva quatro arguidos a julgamento pela morte de Sara Carreira

Depois de um atraso de meia hora e uma mudança de sala, o tribunal de Santarém anunciou esta segunda-feira a decisão da instrução do processo da morte de Sara Carreira, referindo que “todos os arguidos agiram de forma livre e consciente”. E acrescentou que, “se tivessem agido em conformidade”, a morte de Sara Carreira poderia ter sido evitada.

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Carro chocou contra jipe de Sara Carreira e levou-o a capotar de forma violenta

Nenhum dos arguidos esteve presente, fazendo-se representar pelos respetivos advogados e, numa sala onde estavam apenas jornalistas, assistiram a esta decisão do tribunal de Santarém Tony Carreira e Fernanda Antunes, à semelhança, aliás, daquilo que aconteceu nas sessões da instrução deste processo.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Os pais de Sara Carreira entraram em silêncio no tribunal e assim se mantiveram durante toda a sessão. Tony Carreira, que defendeu na última sessão que a acusação do Ministério Público era insuficiente, não tirou os olhos do juiz de instrução, ouvindo atentamente cada palavra sobre a descrição do dia em que a filha morreu. Sentada ao seu lado, Fernanda Antunes, de lenço na mão e sem tirar os óculos de sol, manteve sempre o olhar em direção ao chão.

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Ainda que os quatro arguidos tenham sido pronunciados para julgamento, existem algumas dúvidas, nomeadamente sobre a conduta de Cristina Branco — que é a única arguida, aliás, pronunciada apenas por homicídio negligente e não na forma grosseira. Quando o carro de Cristina Branco se despistou, esta saiu do carro, com a filha de 11 anos e colocou apenas as luzes que indicam perigo. O seu carro ficou na faixa central, não foi colocado o triângulo e, sob “alguma confusão mental”, como referiu o juiz, dirigiu-se para o separador central e não para a berma da autoestrada.

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“Se ela abrisse o porta bagagens e procurasse o triângulo, deixando a sua filha de 11 anos no separador central e Ivo Lucas tivesse chegado ao local, haveria pelo menos mais uma vítima mortal”, considerou o juiz. E acrescentou: “Por outro lado, mesmo com a colocação da sinalização, a mesmo podia não ter sido atendida pelo arguido Ivo Lucas. Escusado será dizer que a sinalização ampliaria mais o risco de vida da arguida Cristina”.

À saída do tribunal, Tony Carreira reagiu em poucas palavras à decisão do tribunal. “Não estou aqui para vingar ninguém, porque sei perfeitamente como isto vai terminar: simplesmente a dizer-se que eu perdi a minha filha. Nada vai acontecer a ninguém”, antecipou o artista, em declarações aos jornalistas.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Tony Carreira deixou ainda outra mensagem, dirigida aos arguidos do processo, entre os quais o namorado de Sara Carreira na altura do acidente. “Só lamento que nenhum dos arguidos me tenha mandado uma mensagem, escrito uma carta a dizer simplesmente ‘lamento aquilo que aconteceu’.”

Em dezembro de 2020, um acidente na A1 provocou a morte de Sara Carreira, que seguia num carro conduzido por Ivo Lucas. Nesse dia, ao final da tarde, Paulo Neves circulava a cerca de 30 quilómetros por hora, velocidade inferior à mínima permitida por lei, que é de 50 quilómetros por hora. E, além da velocidade, conduzia sob o efeito de álcool.

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A cantora Cristina Branco, que seguia com a filha noutro carro, acabou por embater no carro de Paulo Neves e ficou parada na faixa central daquela autoestrada. Acendeu as luzes que indicam perigo e saiu do carro, com a filha, sem colocar o triângulo na estrada. Foi então nesta altura que Ivo Lucas não terá conseguiu desviar-se do carro de Cristina Branco, capotando várias vezes. Depois, Tiago Pacheco, que seguia em excesso de velocidade, acabou por bater também no carro onde seguia Ivo Lucas e Sara Carreira. Segundo a acusação do MP, Tiago Pacheco não terá reduzido a velocidade, mesmo depois de se aperceber do acidente.

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O Ministério Público acusou a cantora Cristina Branco e o ator Ivo Lucas de homicídio por negligência. Já Paulo Neves, que conduzia a uma velocidade abaixo do permitido pela lei, foi acusado pelo MP de um crime de condução perigosa e três contraordenações ao Código da Estrada e Tiago Pacheco foi também acusado do crime de condução perigosa e duas contraordenações.

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