Mais de dois anos anos depois, Jack Ma reapareceu. O empresário chinês, fundador da empresa tecnológica Alibaba e um dos homens mais ricos do mundo, que não era visto em público desde 2021 — chegando mesmo a pensar-se que teria sido preso pelas autoridades pelas suas críticas ao regime — fez uma aparição numa escola na cidade de Hangzhou, sinalizando uma aparente reconciliação com Pequim.

A visita do empresário, que em anos recentes se tem dedicado à filantropia e à promoção de atividades educativas, foi confirmada pela própria escola (que recebe financiamento da Alibaba) numa publicação na rede social chinesa WeChat esta segunda-feira. A Jack Ma Foundation também confirmou a deslocação do empresário, sublinhando em comunicado à CNN que “o Sr. Ma viaja regularmente, dentro da China e no estrangeiro”.

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Essas “viagens regulares” parecem contrariar a realidade dos últimos anos, durante os quais Jack Ma tem estado ausente da esfera pública, com várias notícias a dar conta de que tem permanecido fora da China, dividindo o seu tempo sobretudo entre o Japão e Hong Kong.

Com uma fortuna avaliada em cerca de 30 mil milhões de euros, Ma era até recentemente um dos mais destacados empresários chineses, e uma espécie de embaixador empresarial de Pequim no mundo. As relações entre as duas partes piorou a partir de 2020, altura em que o regime de Xi Jinping começou a exercer pressão sobre o setor da tecnologia.

Em novembro desse ano, o governo impediu à última hora uma Oferta Pública Inicial da empresa Ant Group, filiada do Alibaba e também propriedade de Jack Ma, avaliada em cerca de 34 mil milhões de euros. O bloqueio aconteceu pouco tempo depois de Ma ter criticado os bancos e reguladores financeiros chineses, que acusou de terem demasiado medo de correr riscos.

Desde essa altura que as suas aparições têm sido esporádicas, com a última ação pública a acontecer em janeiro de 2021, durante uma conferência virtual com professores de áreas rurais. Desde então, os sinais apontam para que Ma tenha optado por sair da China. Em outubro de 2021, Ma foi visto a fazer compras em Espanha, na ilha de Maiorca; um ano mais tarde, notícias vieram a público dando conta de que estaria a viver discretamente na capital japonesa, Tóquio.

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Recentemente, o governo chinês tem dado sinais de abertura face ao setor da tecnologia e a restante iniciativa privada, numa tentativa de recuperar e impulsionar uma economia ainda a braços com os impacto da pandemia. Nesse sentido, a Bloomberg News noticiou esta segunda-feira que o regime de Pequim tem feito esforços nos últimos tempos para convencer Ma a regressar ao país.

A expectativa com a mudança de política é que Pequim consiga dar um empurrão ao crescimento económico e à criação de emprego através do setor privado. Os sinais de abertura transmitidos pelo novo primeiro-ministro chinês, Li Qiang, já levaram inclusive a um aumento do investimento no país.