A alteração de um voo da TAP para o ajustar ao calendário de Marcelo Rebelo de Sousa teria custado 200 mil euros à transportadora aérea do Estado português, noticia esta quinta-feira o Jornal Económico citando fontes ligadas ao mercado da aviação.

Em causa está um caso revelado esta semana durante a audição da ainda CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, na comissão parlamentar de inquérito que está a investigar os contornos da polémica saída de Alexandra Reis, que mais tarde seria secretária de Estado do Tesouro, da administração da companhia aérea com uma indemnização de 500 mil euros.

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Na comissão de inquérito, foi revelado que a TAP recebeu um pedido especial para antecipar um dia um voo entre Maputo e Lisboa para conveniência da agenda de Marcelo Rebelo de Sousa — algo que teria impacto em cerca de 200 outros passageiros — e que o então secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, pressionou Christine Ourmières-Widener a aceitar realizar a mudança, já que o Governo e a TAP não podiam “correr o risco de perder o apoio político do Presidente da República”.

Entretanto, Marcelo Rebelo de Sousa esclareceu que “nunca lhe passaria pela cabeça mudar um voo com 200 pessoas” e que a Presidência da República “nunca contactou a TAP, nem nenhum membro do Governo sobre tal assunto“. Na verdade, foi a agência de viagens Top Atlântico, que estava a organizar a deslocação da comitiva presidencial a Moçambique, que por iniciativa própria decidiu contactar a TAP para pedir a antecipação do voo — tendo, mais tarde, o chefe da Casa Civil da Presidência da República dito à CEO da TAP que Marcelo não pretendia a alteração do voo.

Os detalhes do caso surgem num conjunto de emails internos que fazem parte da documentação da comissão de inquérito e cujo conteúdo foi citado durante a audição da CEO da TAP pelo deputado da Iniciativa Liberal Bernardo Blanco.

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De acordo com o Jornal Económico, se Christine Ourmières-Widener tivesse aceitado alterar o voo, como o secretário de Estado concordava, a TAP teria gasto pelo menos 200 mil euros adicionais com a situação. Citando fontes do mercado da aviação, aquele jornal adianta que as indemnizações que a TAP teria de pagar aos cerca de 200 passageiros rondariam os mil euros por pessoa. A este custo seria preciso adicionar ainda os custos associados à própria mudança da viagem: o jetfuel para um dia diferente do inicialmente previsto, bem como o custo da mudança do slot do aeroporto.

Além do impacto económico, a alteração teria também um impacto nos recursos humanos da TAP, uma vez que as escalas dos tripulantes e pilotos estão desenhadas para respeitar um conjunto de períodos de descanso obrigatório — e, com a antecipação do voo que o secretário de Estado aprovaria, essas escalas sofreriam disrupções com reflexo nos dias seguintes.