Ralph Yarl, um adolescente negro norte-americano de 16 anos, foi baleado na passada quinta-feira em Kansas City, no estado norte-americano do Missouri. Os pais tinham-lhe pedido para ir buscar os irmãos gémeos à casa de um amigo, mas enganou-se e tocou na campainha errada. O jovem foi depois baleado na cabeça à porta daquela casa, tendo ficado em estado grave.

Ao jornal Kansas City Star, o pai, Paul Yarl, disse que o quadro clínico do adolescente está “a melhorar”. “Ele está a responder e a fazer bons progressos”. O jovem de 16 anos já teve mesmo alta, após ter passado três dias no hospital.

O caso ganhou mediatismo não só pelos contornos do crime, como também pela questão racial. Na cidade de Kansas City, no Missouri, várias pessoas saíram às ruas para protestar contra a decisão judicial. É que o suspeito, um homem branco, foi libertado 24 horas depois. 

Uma tia do jovem, Faith Spoonmore, disse, citada pela BBC, que o facto de o sobrinho ter sido baleado não foi um “erro”, mas antes um “crime de ódio”. “Não se dispara contra uma criança na cabeça porque ele tocou à campainha”, defendeu. A familiar de Ralph Yarl chegou uma conta de angariação de fundos online para pagar os custos dos cuidados médicos. Até ao momento, angariou mais de 1,6 milhões de dólares.

Em termos judiciais, a chefe da polícia em Kansas City, Stacey Graves, reconheceu que pode haver “competentes raciais” neste caso, mas ressalvou que não existem indicações, para já, que levar a crer que tenha sido essa a motivação do crime. As declarações da responsável foram corroboradas pelas do mayor da cidade, Quinton Lucas: “Nada foi descartado, marginalizado ou diminuído”.

Por seu turno, o advogado da família do menor, Ben Crump, que também defendeu os familiares de George Floyd, considera “inevitável” que se reconheça que haja “dinâmicas raciais” neste crime. “Não se pode disparar sem justificação, quando alguém bate à porta. Este homem deve ser condenado”. 

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