Pode Cristiano Ronaldo ser deportado da Arábia Saudita? É essa a intenção de uma advogada saudita, que já fez entrar um processo em tribunal por causa de um gesto do jogador português — que colocou a mão nos genitais no fim de um jogo — alegando que esse é “um delito de desonra pública”. Mas outro advogado do país, especialista em Direito do Desporto, considera esse cenário “impossível”.

A polémica começou depois de, na terça-feira, no final do jogo entre o Al Nassr e o Al Hilal em que o clube de Cristiano Ronaldo saiu derrotado, os adeptos do Al Hilal terem começado a provocar o jogador português gritando pelo rival Lionel Messi. Foi então que Ronaldo fez, aparentemente, um gesto obsceno, agarrando nos genitais.

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Foi por causa desse gesto que a advogada saudita Nouf bin Ahmed, conselheira dos centros de arbitragem das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional, anunciou no Twitter que daria entrada um processo contra Ronaldo.

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“Não acompanho desporto. Se os adeptos do Al Hilal provocaram Cristiano Ronaldo, este não soube responder. A conduta de Cristiano constitui um delito. Um acto publicamente indecente que requer prisão e deportação quando cometido por um estrangeiro. Iremos apresentar uma petição ao Ministério Público nesse sentido”, escreveu num tweet, aqui citado e traduzido pelo jornal A Bola.

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Em resposta enviada à agência EFE, o Al Nassr justificou que Ronaldo “sofreu uma lesão” numa “zona sensível”. “Quanto às exigências dos adeptos, são livres de pensar o que quiserem”.

Entretanto, o advogado saudita Ahmed Alshikhy, especialista em Direito do Desporto, veio dizer que considera “impossível” que a deportação venha a acontecer.

Como conta o Jornal de Notícias, o advogado defende que Nouf bin Ahmed “”não é parte integrante do assunto e, por isso, não tem o direito de processar Ronaldo”. Além disso, diz que os tribunais criminais não têm jurisdição neste tipo de casos porque o desporto tem “leis claras”, ou seja, os estatutos da FIFA e da federação saudita estabelecem que “tudo o que é relacionado com o futebol e que acontece dentro de um estádio é exclusivo do Comité Disciplinar da federação saudita, o único órgão que pode receber alguma queixa ou caso contra Ronaldo”.

No entender deste especialista a queixa ficará, assim, sem efeito e será “impossível” que surta efeito. Isto a não ser que o jogador português “diga que fez efetivamente aquilo contra os adeptos” do adversário, o que parece improvável, uma vez que o clube está a justificar o gesto com uma lesão. Mesmo que houvesse castigo, diz o advogado, não deveria passar de uma suspensão nos jogos ou uma multa.