A Madeira é a segunda região do país onde o consumo de novas substâncias psicoativas é mais elevado, depois dos Açores, indicou esta sexta-feira o secretário da Saúde, sublinhando ter sido criado um grupo de trabalho para abordar o problema.

“Parecia ter havido um retrocesso desta situação, mas outros fatores fazem com que estas substâncias voltem a estar na ordem do dia”, afirmou o governante insular, lembrando que o impacto das novas drogas foi sinalizado pela primeira vez no arquipélago em 2012, quando cerca de 300 pessoas foram assistidas no serviço de urgência do Hospital Dr. Nélio Mendonça.

Pedro Ramos falava no âmbito da conferência de apresentação pública do Plano Regional de Saúde 2021-2030, no Funchal, na qual referiu que os dados do Governo Regional (PSD/CDS-PP) sobre as novas substância psicoativas “são reais”, embora não tenha indicado números.

“Não sei se os dados a nível do Serviço Nacional de Saúde são dados reais, porque são dados dispersos”, alertou, considerando que alguma da criminalidade registada atualmente nas regiões de Lisboa, Porto e Algarve poderá estar associada ao consumo daquelas drogas.

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O governante madeirense sublinhou, por outro lado, que o Serviço de Saúde da Madeira (Sesaram) reforçou os recursos na área da psiquiatria, tendo em conta que as doenças mentais constam entre as seis mais prevalentes na região, situação agora potenciada devido ao elevado consumo de novas substâncias psicoativas.

De acordo com Pedro Ramos, o serviço público passou de um psiquiatra em 2016 para 10 atualmente, contando também com quatro pedopsiquiatras, 125 enfermeiros, 74 psicólogos, 34 assistentes sociais, 174 médicos de família, sete unidades concelhias e serviço de urgência com presença física para a psiquiatria e psicologia.

“Estamos agora a trabalhar no sentido de criarmos as comunidades terapêuticas e centros de dia, que são áreas extremamente importantes para que a abordagem desta área do doente da esfera mental possa ser uma realidade na Região Autónoma da Madeira”, declarou.

Em relação ao Plano Regional de Saúde da Madeira 2021-2030, que entrou em vigor em fevereiro, Pedro Ramos disse que o objetivo é tornar o Sistema Regional de Saúde mais robusto a todos os níveis.

O documento define quatro eixos prioritários — promoção, prevenção, proteção e progresso — e indica um conjunto de recomendações estratégicas face aos seis principais problemas de saúde na região autónoma, designadamente os tumores malignos, as doenças do aparelho circulatório, as doenças do aparelho respiratório, os transtornos mentais e comportamentais, as doenças do aparelho digestivo e as causas externas de lesão e envenenamento.

O plano resultou de um trabalho de criação participativa, multinível e multissectorial de identificação das principais prioridades em saúde e das estratégias de intervenção mais adequadas para assegurar uma saúde sustentável.

“Aquilo que se pretende é um investimento nos recursos humanos, um investimento na resolução dos problemas identificados, um investimento na robustez do Sistema Regional de Saúde, um investimento na comunicação e na atribuição de responsabilidades ao cidadão na sua saúde”, explicou Pedro Ramos.

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