Espanha e Itália anunciam nesta segunda-feira que conseguiram retirar por via aérea mais de duas centenas de pessoas do Sudão, incluindo portugueses, no âmbito do movimento de saída de cidadãos estrangeiros e pessoal diplomático, estando o avião militar a caminho do Djibuti.

Numa operação coordenada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros italiano, foram retiradas 136 pessoas da capital do Sudão. “[Os] 105 cidadãos italianos e 31 estrangeiros, incluindo portugueses, australianos, gregos, britânicos e suecos, foram transferidos para Djibuti”, informou o Governo italiano em comunicado, no domingo à noite.

A operação foi realizada “em colaboração com outros países europeus e aliados”, tendo sido criada “uma ponte aérea internacional autorizada a chegar à base militar em Djibuti”.

Já o avião militar espanhol “descolou de Cartum pouco antes das 23h00 locais (22h00 hora de Lisboa) com cerca de uma centena de passageiros”, referiu o Governo espanhol em comunicado.

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Além de espanhóis, entre os passageiros há portugueses, italianos, polacos, irlandeses, mexicanos, venezuelanos, colombianos e argentinos, bem como sudaneses, detalharam fontes do Ministério da Defesa espanhol.

O Governo português tinha dito que o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) e o Ministério da Defesa Nacional estavam “a trabalhar em articulação, juntamente com outros países aliados, com vista à retirada, em segurança, dos cidadãos nacionais que se encontram no Sudão”.

“Foram já contactados todos os cidadãos nacionais conhecidos no Sudão, e as diferentes situações estão a ser acompanhadas”, adiantou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, em comunicado esta segunda-feira divulgado.

O MNE tinha adiantado à Lusa que eram pouco mais de “uma dúzia” os portugueses que se encontravam no Sudão quando eclodiram os combates, há uma semana, sendo que, contactado novamente esta segunda-feira à noite, não adiantou mais informação sobre os cidadãos nacionais que as autoridades espanholas revelaram ter retirado do país.

O avião espanhol “voa com mais de 30 espanhóis e outros 70 cidadãos europeus e latino-americanos retirados de Cartum, capital do Sudão, com destino ao Djibuti, após uma operação coordenada pelos Ministérios dos Negócios Estrangeiros, União Europeia e Cooperação e da Defesa”, especificou o Governo de Espanha.

“Nenhum incidente na transferência”, também informou na rede social Twitter o ministro dos Negócios Estrangeiros, União Europeia e Cooperação espanhol, José Manuel Albares.

Além dos retirados na operação desta segunda-feira, um grupo de espanhóis decidiu, voluntariamente, permanecer no Sudão ou abandoná-lo por outros meios, enquanto outros conseguiram deixar o país já antes da implementação deste dispositivo.

Na operação desta segunda-feira, acrescentou o Ministério da Defesa, estiveram envolvidos cerca de 200 militares.

O Sudão entrou esta segunda-feira na segunda semana de violentos combates, num conflito que opõe forças do general Abdel Fattah al-Burhane, líder de facto do país desde o golpe de 2021, e um seu ex-adjunto que se tornou um rival, o general Mohamed Hamdan Dagalo, que comanda o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).

O balanço provisório dos confrontos indica que há mais de 420 mortos e 3.700 feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).