Espanha e Brasil querem fechar o acordo comercial União Europeia – Mercosul no segundo semestre deste ano, quando os dois países presidirão aos dois organismos, disseram hoje os governos de Madrid e Brasília. Um dos “principais objetivos da presidência espanhola será chegar a um acordo final entre a União Europeia e o Mercosul”, disse a ministra da Economia e vice-presidente do Governo de Espanha, Nadia Calviño, num fórum empresarial em Madrid em que falava ao lado do Presidente do Brasil, José Inácio Lula da Silva.

“O Brasil e os sócios do Mercosul estão engajados no diálogo para concluir as negociações com a União Europeia e esperamos ter boas notícias ainda esse ano”, disse a seguir Lula da Silva.

“A feliz coincidência” de que Brasil e Espanha presidam a partir de 01 de julho ao Mercosul e ao Conselho da União Europeia (UE), durante seis meses, “permitirá avanços substantivos para a conclusão do acordo”, acrescentou. Lula da Silva disse acreditar que o governo de Madrid “poderá ajudar muito na conclusão desse acordo” e confessou que chegou a pensar que seria assinado em 2003, há vinte anos, quando estava no primeiro mandato como Presidente do Brasil.

“Espero que a gente consiga fazê-lo agora”, afirmou, dirigindo-se à vice-presidente do Governo de Espanha. Nadia Calviño considerou que está em causa “um acordo comercial que é, na realidade, uma oportunidade única” para potenciar as relações entre as duas regiões “mas também para lançar uma mensagem ao mundo”.

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“Espanha e Brasil podem enviar uma mensagem clara ao mundo em relação ao nosso modelo, um modelo baseado no impulso da paz, no comércio, na cooperação internacional, numa ordem global baseada em regras e um crescimento que seja verdadeiramente sustentável e inclusivo para toda a sociedade”, afirmou.

A ministra reiterou que Espanha quer promover no segundo semestre as relações entre a União Europeia e toda a América Latina, estando já prevista uma cimeira, em meados de julho, em Bruxelas, UE-CELAC (Comunidade de Estados da América Latina e Caribe), e uma reunião de ministros da economia e finanças em setembro, em Santiago de Compostela. Nessa reunião de setembro o tema será “um novo pacote de investimento” para a América Latina, em “projetos estratégicos para o desenvolvimento sustentável e inclusivo da região, reunindo todos os bancos multilaterais do desenvolvimento e os bancos regionais”, segundo Nadia Calviño.

O Presidente do Brasil chegou a Espanha esta terça-feira para uma visita de dois dias, que inclui um encontro, na quarta-feira, com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, antes de ser recebido pelo Rei Felipe VI. No encontro entre os dois governos, que inclui vários ministros dos dois lados, Lula da Silva e Sánchez vão abordar, entre outras questões, as relações entre a Europa e a América Latina e o acordo comercial entre a UE e os países do Mercosul (Mercado Comum do Sul, que inclui Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), segundo as fontes do executivo espanhol.

As negociações do acordo foram dadas por terminadas em 2019, mas não houve ainda uma assinatura ou ratificação, estando neste momento em negociação um protocolo adicional.

O Governo de Madrid considera que esse bloqueio se deveu, em boa medida, à presidência brasileira de Jair Bolsonaro, o antecessor de Lula da Silva, e que existe agora uma boa oportunidade de avançar e de fechar um documento, segundo disseram na segunda-feira as mesmas fontes.