Com 33 anos de mercado, o Renault Clio é dos utilitários de maior sucesso na Europa e no mundo. Tanto que já foram comercializadas mais de 16 milhões de unidades, desde o seu lançamento em 1990. Mas a 5.ª geração deste modelo vincadamente urbano, introduzida em 2019, refreou o fôlego comercial, situação que a Renault quer inverter com uma profunda actualização do Clio, com muitas alterações na estética, no interior, na tecnologia embarcada e na oferta de motorizações. Por isso, o renovado Clio é quase um novo Clio, que pretende assumir uma posição mais vantajosa para fazer frente à concorrência ou, até mesmo, impor-se.

No Velho Continente, um ano antes da introdução da actual geração, em 2018, venderam-se 328.860 Clio, valor que caiu para 317.645 unidades em 2019. Em 2021, comercializaram-se somente 199.889 unidades, (muito) longe portanto do auge europeu do Clio, alcançado em 2022, ano em que só na Europa se transaccionaram perto de 502 mil unidades, segundo a Car Sales Base. Para contrariar a queda nas vendas, actualização do Clio é extensa e intensa.  Para começar, o utilitário passa a incorporar a nova linguagem de design da marca, exibindo um estilo muito mais impactante e atraente.

10 fotos

Em termos de dimensões não há qualquer alteração, mas o mesmo não se pode dizer da estética, mais moderna, cortesia sobretudo de uma frente completamente diferente, com uma nova grelha com o novo logótipo da marca ao centro, novos pára-choques e novos grupos ópticos. Os faróis passam a ser integralmente em LED de série e combinam até cinco módulos, isto apesar de serem mais compactos do que o modelo que vem substituir (e tinha três módulos). As alterações incluem ainda uma nova assinatura luminosa, inspirada no emblema do losango e que, segundo a marca, vamos poder ver nos seus futuros lançamentos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A secção traseira também foi revista, mas aqui as mudanças não são tão notórias. O pára-choques surge redesenhado e a cor do bordo inferior varia consoante o nível de equipamento. A propósito, a este respeito a principal novidade prende-se com a introdução do Esprit Alpine, opção de pendor desportivo que vai passar a ser transversal a toda a gama. As luzes traseiras também mudam de aspecto, não pela forma (que se mantém), mas sim pelo facto de passarem a ter uma cobertura transparente, o que permite ver o interior, conferindo ao utilitário uma imagem mais tech.

12 fotos

Difusores há seis à escolha, tal como há meia dúzia de jantes, enquanto os tons para a carroçaria são sete, incluindo um novo cinzento de tripla camada, que ao perto parece pérola e ao longe parece sólido. Já a bordo, a atmosfera procura cruzar tecnologia e sustentabilidade. E a prova disso oferece-se ao toque, com os revestimentos a serem integralmente numa fibra celulósica de base biológica. Dos bancos ao tablier, passando pelos painéis das portas, no habitáculo impera o tecido feito à base de… madeira (celulose). Segundo a Renault, esta matéria-prima é sustentável porque é proveniente de florestas isentas de químicos e de esquemas de irrigação, com o processamento a recorrer apenas a energia renovável. E, aderindo a uma moda recente, a marca francesa faz questão de banir a pele do interior do Clio. Não que o recurso a couro animal neste segmento seja frequente, sobretudo num construtor generalista, mas a realidade é que a Renault diz preferir recorrer a um tecido com fibras de origem biológica e poliéster. Deduzimos que será mais barato, sendo certo que é mais amigo do ambiente, pois tinge-se com mais facilidade, consumindo no processo menos água e energia.

A bordo não há alterações de grande monta, até porque a 5.ª geração do Clio concentrou-se no interior, pelo que as mudanças são pontuais. Há novos bancos, que têm direito a uma versão específica no Clio Esprit Alpine, o volante passa a exibir a inscrição Nouvel’R e o painel de instrumentos passa a ser digital em qualquer um dos níveis de equipamento. Ao centro e ao serviço do infoentretenimento encontra-se um ecrã cuja dimensão varia entre as 7 e as 10 polegadas na diagonal, em função do nível de equipamento escolhido pelo cliente, com o sistema Easy Link compatível com Apple CarPlay ou Android Auto, sem que a ligação ao smartphone requeira cabos, como acontecia até agora.

10 fotos

Em matéria de sistemas avançados de assistência ao condutor (ADAS), o Clio disponibiliza um total de 20 assistentes, incluindo por exemplo de série a travagem activa de emergência com detecção de ciclistas e de peões, bem como o Active Drive Assist, que oferece nível 2 de condução autónoma. A lista continua com câmara de 360º e muitos outros itens, mas será necessário esperar por Julho, altura em que o modelo vai ser apresentado à imprensa, para avaliar com mais rigor o nível da dotação tecnológica standard.

Quanto a motores, quando arrancarem as vendas – o que está previsto acontecer em Portugal em Outubro –, o renovado Clio vai propor a “mais ampla escolha” de motorizações do segmento B. A gasolina, a oferta é representada pelo TCe com 90 cv e 160 Nm de binário, acoplado a uma caixa manual de seis velocidades, enquanto a gasóleo a alternativa recai no Blue dCi 100 (100 cv e 260 Nm). há ainda o TCe 100 GPL, mas a principal nota de interesse recai no E-tech Full Hybrid 145, capaz de andar em modo eléctrico até 80% do tempo em meio urbano e reduzindo o consumo de gasolina em até 40%, de acordo com a Renault.