Blocos operatórios fechados e serviços encerrados ou a funcionar a meio gás são o resultado da greve dos enfermeiros do Hospital Santa Maria, em Lisboa, que teve início às 8h00 desta quinta-feira e termina às 13h00, segundo o sindicato.

Cerca de três dezenas de enfermeiros do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHULN), que integra os hospitais de Santa Maria e Pulido Valente, estavam concentrados às 10h30 em frente ao Santa Maria a exigirem a “contratação urgente” de enfermeiros para fazer face às necessidades; a valorização dos enfermeiros para que se possam contratar e manter; e o fim das macas nos corredores dos serviços.

A segurar uma faixa com a inscrição “Enfermeiros do Hospital de Santa Maria exigem respostas e salário digno”, os enfermeiros entoavam palavras de ordem como “Ministro escuta, enfermeiros estão em luta”, “Temos formação, exigimos valorização”, enquanto acenavam com bandeira do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que convocou a paralisação.

Apesar de ainda não haver dados de adesão à greve, por ser “um hospital muito grande com mais de 100 serviços”, a dirigente sindical do SEP Isabel Barbosa deu alguns dados aos jornalistas sobre os impactos da paralisação.

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“Podemos adiantar desde já que, dos seis blocos operatórios centrais que estariam em funcionamento, só um é que está aberto”, disse a líder sindical, adiantando que o bloco de ginecologia e o bloco de dia de imunoterapia também estão com uma adesão de 100%.

No Hospital de Dia de Hematologia a adesão é de 50% e na Unidade de Cuidados Intensivos e no Serviço de Urgência estão a ser cumpridos os serviços mínimos.

Nestes serviços, que funcionam 24 horas por dia, “os doentes nunca ficam sem cuidados”, disse à Lusa Isabel Barbosa.

Disse ainda, aludindo ao número de enfermeiros que estavam concentrados em frente ao hospital, que “muitos mais” gostariam de ter estado presente, mas “pela carência não estão a conseguir sair dos serviços”.

Os enfermeiros exigem também que o hospital resolva o problema das macas nos corredores que por considerarem que “é uma situação indigna para os utentes e para os profissionais de saúde”.

“Nós temos enfermarias no Hospital Pulido Valente, por exemplo, que estão encerradas. E porque é que não conseguem abrir? Porque não há captação de enfermeiros, não há possibilidade de contratar e não há também a possibilidade, muitas vezes, de fixar”, salientou a dirigente sindical.

Para fixar os enfermeiros, “é preciso oferecer condições de trabalho e a administração tem nas suas mãos esse poder”, sustentou Isabel Barbosa.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses reuniu-se no dia 3 de março com a administração do CHULN, que se comprometeu a corrigir a maior parte das reivindicações dos enfermeiros e por esse motivo suspendeu uma greve decidida em plenário em março.

“Passado mais de um mês verificamos que os compromissos não foram cumpridos“, o que justificou a greve desta quinta-feira.

Os enfermeiros exigem o pagamento de todo o trabalho extraordinário e feriados em dívida, a “justa e legal contabilização dos pontos detidos pelos enfermeiros e pagamento dos devidos retroativos desde 2018”, bem como “a harmonização do número de dias de férias entre todos os enfermeiros”.

“É inadmissível que os enfermeiros com o designado Contrato Individual de Trabalho tenham menos dias de férias”, defende o SEP.

Questionada sobre novas formas de luta, Isabel Barbosa disse que o sindicato quer antes voltar a reunir-se com a administração e decidirá depois, com os enfermeiros, ir até onde estes quiserem ir, lembrando que há uma greve nacional de enfermeiros marcada para dia 12 de maio.