Antes de todas as mudanças no calendário de 2023, sobretudo a introdução das corridas sprint aos sábados na véspera da prova principal, havia algumas reservas em relação aos benefícios e prejuízos que as mesmas poderiam trazer a Miguel Oliveira. Porque estava nos primeiros tempos de uma nova equipa, a RNF Aprilia, com todo o trabalho a que isso obriga. Porque em várias corridas o português fez a diferença pela gestão ao longo da prova que neste caso passaria a ter apenas metade da distância. Porque as Ducati pareciam ter as características indicadas para o novo desafio à frente de todas as outras. À quarta prova, tudo estava diluído. À quarta prova, o número 88 era um candidato crónico à conquista dos pontos em todos os sábados.

O melhor a abrir, o sétimo pelo meio, os pontos a fechar? Miguel Oliveira termina Q2 do Grande Prémio de Espanha na sétima posição

Porquê? As experiências iniciais de Miguel Oliveira em corridas sprint podiam ser melhores mas tiveram o condão de mostrar que era possível, entre um sétimo lugar no Algarve que devia ser pódio se não fosse aquele pequeno erro numa das últimas curvas que lhe retirou quatro posições e uma oitava posição nas Américas depois de sair de 15.º. A par disso, a vitória de Brad Binder na Argentina a partir da quinta linha da grelha provou que a possibilidade de ganhar muitos lugares em corrida é grande. Depois, as outras equipas têm dado boas respostas perante a dominante Ducati, neste caso em Espanha com a Aprilia a destacar-se com Aleix Espargaró, Maverick Viñales (ambos na moto de fábrica) e Miguel Oliveira (RNF). Estava tudo em aberto para a quarta experiência da temporada num sábado, com o português a sair da sétima posição.

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O Falcão tinha um golpe de asa preparado para o fim: Miguel Oliveira faz sétimo melhor tempo e vai à Q2 em Espanha

Após ter sido também o sétimo melhor nas sessões de treinos livres, o que lhe valeu uma entrada direta na Q2, o português foi o mais rápido na terceira e última sessão na manhã deste sábado e chegou a andar em lugares de primeira e segunda fila da grelha durante a qualificação, caindo para sétimo já depois do final da sessão numa volta lançada que ainda deu a sexta posição ao regressado Dani Pedrosa. Aleix Espargaró foi de novo o mais rápida com Jack Miller (KTM) e Jorge Martín (Pramac) na primeira fila, seguidos de Brad Binder (KTM), Pecco Bagnaia (Ducati) e Dani Pedrosa (wildcard da KTM). Seguia-se Miguel Oliveira.

Mais uma vez, até por estar numa zona lateral que permitia mais do que uma opção de trajetória no sentido de ganhar posições, o arranque seria importante para definir o que poderia fazer o português nesta corrida sprint onde o grande objetivo era somar mais pontos que permitissem subir lugares na classificação do Mundial após a corrida “perdida” no Algarve pelo abalroamento do espanhol Marc Márquez quando seguia em segundo e a ausência da segunda prova do ano na Argentina. E o arranque foi inteligente, com uma saída boa para uma melhor colocação na primeira curva e respetiva subida a um quinto lugar na primeira volta.

No entanto, um pouco mais atrás, um aparatoso acidente acabou por travar a corrida com bandeira vermelha com Marco Bezzecchi, Franco Morbidelli, Álex Márquez e Augusto Fernández envolvidos sem aparentes mazelas graves mas com muito aparato à mistura e repetição da saída quando as duas KTM e Aleix Espargaró estavam na frente. À segunda, o arranque do português não foi tão conseguido, com o português a manter a sétima posição numa linha da frente que tinha agora Binder, Martín e Jack Miller seguidos de Pecco Bagnaia, Aleix Espargaró e Dani Pedrosa, espanhol que foi a seguir ultrapassado pelo português.

Mesmo tendo pela frente uma moto de fábrica da Aprilia, Miguel Oliveira lutava pela quinta posição com Espargaró numa fase em que se formavam dois grupos: o primeiro a lutar pelo pódio, com Miller, Binder, Bagnaia e Martín, e o segundo a disputar a quinta posição com Espargaró, Oliveira e Dani Pedrosa. Só a seis voltas do final voltaria a haver mexidas, neste caso com a queda de Espargaró que colocou o português em quinto mas a meio segundo dos quarto da frente. Os dois grupos passavam a três a duas voltas do final: Brad Binder e Jack Miller, companheiros da KTM, lutavam pela vitória; Bagnaia e Martín lutavam pelo pódio, Miguel Oliveira e Dani Pedrosa estavam a correr pela quinta posição. Tudo ficaria assim se não fosse um erro de Miller, a travar demasiado tarde e a permitir a passagem de Bagnaia para a segunda posição. O português, que chegou a estar apertado pelo espanhol, segurou o melhor resultado numa corrida sprint.