Os indicadores na manhã de sábado dificilmente poderiam ser melhores, com Miguel Oliveira a ser o mais rápido em pista. A qualificação chegou a colocar o português na primeira linha da grelha mas acabou depois na sétima posição, à frente do lado esquerdo na terceira linha. A corrida sprint, dominada por completo pelas duas KTM de fábrica de Brad Binder e Jack Miller, terminou com um quinto lugar, a melhor posição neste novo formato introduzido em 2023 depois do sétimo posto no Algarve e do oitavo em Austin. No regresso às provas na Europa, a RNF do Falcão mostrava que era capaz de levantar voo e o número 88 voltou a terminar à frente das motos de fábrica da Aprilia, com Aleix Espargaró a cair quando tinha largado da pole position e Maverick Viñales a ficar em sétimo atrás do wildcard da KTM, o regressado Dani Pedrosa.

A melhor corrida sprint que podia ter rendido ainda mais: Oliveira em quinto no Grande Prémio de Espanha

“As KTM estão em casa nesta pista. O Brad [Binder] já estava muito rápido no Q1, o que se confirmou na corrida sprint. Não estava num duelo direto com o Dani [Pedrosa], ele apenas escapou uma vez quando eu errei na travagem. Fui o piloto mais rápido com o pneu traseiro médio. Tive grandes problemas de aderência, os pilotos com pneus macios parecem ter tido menos problemas. Gostaria de ter feito a corrida antes de ser cancelada porque a minha primeira largada foi muito boa. Não consegui um novo pneu traseiro no reinício, então tive que andar com o pneu desde a primeira largada. Essa não foi a melhor solução porque me deixou com falta de aderência desde a terceira volta”, comentou o português no final da corrida sprint.

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O melhor a abrir, o sétimo pelo meio, os pontos a fechar? Miguel Oliveira termina Q2 do Grande Prémio de Espanha na sétima posição

“Para subir ao pódio no domingo [corrida longa], muitas coisas precisam trabalhar juntas. Claro que o arranque é importante e não estou a largar de uma posição perfeita, porque não tenho muito espaço para escolher uma linha a partir da terceira fila. Mas, ainda que muita coisa possa acontecer na corrida, tenho velocidade e ritmo de corrida para os lugares do pódio”, acrescentou ainda o número 88, abrindo essa expetativa de lutar por mais do que a quinta posição que teria impacto na classificação no Mundial.

Percebia-se a confiança de Miguel Oliveira, mesmo assumindo que a KTM estaria numa posição melhor para discutir os lugares cimeiros e que Pecco Bagnaia (Ducati) e Jorge Martín (Pramac) conseguiram pelo menos em corrida sprint não andarem muito longe das motos da equipa austríaca. E percebia-se que o português tinha uma estratégia pensada para poder fazer uma corrida mais capaz do que os adversários ao longo de toda a prova (muitas vezes é na segunda parte da prova que consegue fazer a diferença). No entanto, essas táticas dependiam de múltiplos fatores, maiores ou mais pequenos. E o primeiro, além da escolha dos pneus, passava pela partida, que tinha sido muito boa no primeiro arranque para a corrida sprint (permitiu logo uma subida ao quinto lugar) e menos conseguida no segundo após uma bandeira vermelha.

Foi logo aí que tudo começou a correr mal ao português, que acabou a corrida na primeira volta: Miguel Oliveira reagiu da melhor forma às luzes, não conseguiu depois acelerar como pretendia, perdeu algumas posições antes da primeira curva e acabou depois por cair, de novo abalroado por Fabio Quartararo. O português saiu de ambulância para o centro médico, estando consciente mas em claras dificuldades no seu braço esquerdo, que seguia levantado e com especiais cuidados na entrada para o local dos exames. Mais tarde, confirmou-se mesmo que o português tinha deslocado o úmero do ombro esquerdo, ao mesmo tempo que o piloto francês foi penalizado por uma long lap após ser acusado de “condução irresponsável”.

A corrida retomou depois com uma nova saída a partir da grelha, de novo com as KTM a virem para a frente mas com um final que acabou por ter uma surpresa na frente, com Pecco Bagnaia (que em condições normais iria sempre subir à liderança do Mundial de MotoGP após a queda de Marco Bezzecchi) a conseguir ganhar o Grande Prémio de Espanha à frente de Brad Binder e Jack Miller, que esteve num aceso duelo com Jorge Martín quase até ao final. Aleix Espargaró, da Aprilia, fechou o top 5 da classificação. Com estes resultados, Bagnaia passa a ter 22 pontos de avanço sobre Bezzecchi (87-65), seguindo-se as KTM de Brad Binder e Jack Miller (62 e 49). Miguel Oliveira desceu agora ao 14.º posto com 21 pontos.