O rápido aquecimento das temperaturas médias dos oceanos levou a que, desde março, exista a previsão de um regresso iminente do El Niño. Esta quarta-feira, a Organização Meteorológica Mundial, agência especializada da ONU, estimou que existe 60% de probabilidade desse fenómeno climático se formar até ao final de julho e 80% até ao final de setembro.

O secretário-geral dessa organização, Petteri Taalas, alertou que “o mundo deve preparar-se”, uma vez que o desenvolvimento do El Niño “provavelmente levará a um novo pico no aquecimento global e aumentará as hipóteses de se baterem recordes de temperatura”. Por norma, os efeitos deste fenómeno nas temperaturas são sentidos apenas no ano seguinte ao seu surgimento. O The New York Times indica, assim, que o seu impacto deverá ser mais sentido em 2024.

O El Niño está associado ao aquecimento das temperaturas da superfície do oceano Pacífico tropical central e oriental. O IPMA explica que é um “fenómeno oceano-atmosférico que afeta o clima regional e global e que influencia a circulação geral da atmosfera”. Além disso, é considerado responsável por anos secos ou muito secos em algumas partes do mundo, como na Austrália ou na Indonésia, e pelas fortes chuvas noutras, como no sul do continente americano América ou dos Estados Unidos.

Neste momento, ainda não é possível prever o quão forte será ou quanto tempo poderá durar. Ainda assim, mesmo que seja relativamente ameno, pode afetar não só as temperaturas mundiais como também a precipitação. Em média, o fenómeno ocorre a cada dois a sete anos e costuma durar de nove a 12 meses. A última vez que o El Niño aconteceu foi em 2018-19 e deu lugar a um outro fenómeno particularmente longo: La Niña.

O La Niña corresponde ao arrefecimento anómalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Central e causa efeitos opostos ao do El Niño, em particular uma queda nas temperaturas. O mais recente fenómeno destes persistiu durante três anos quase ininterruptos, nota o The Washington Post.

Os últimos oito anos foram os mais quentes alguma vez registados e sem o La Niña, a situação do aquecimento poderia ter sido ainda pior, uma vez que atuou “como um travão temporário no aumento da temperatura global”, diz a Organização Meteorológica Mundial. De acordo com a agência especializada da ONU, até ao momento, 2016 foi “o ano mais quente já registado, devido ao duplo efeito de um El Niño muito forte e ao aquecimento causado por gases de efeito estufa ligados à atividade humana”.

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