As associações ambientalistas Zero e Quercus manifestaram-se esta quinta-feira preocupadas com os constrangimentos provocados pelas obras de expansão das linhas Verde e Amarela do Metropolitano de Lisboa e exigiram “esforços urgentes para assegurar transporte público alternativo”.
Num comunicado conjunto, as duas associações acusam a administração do Metropolitano de Lisboa de ter “amputado o serviço de metro junto a um dos mais importantes interfaces da cidade (Campo Grande)”, interrompendo a circulação nas linhas Amarela e Verde, entre o Campo Grande e a Cidade Universitária (Linha Amarela) e entre Telheiras e o Campo Grande (Linha Verde).
“Para além disso, reduziu o serviço nos troços que se mantiveram em funcionamento, com composições curtas, como na linha Verde e troço Campo Grande a Odivelas na linha Amarela, e em alguns casos, menos frequentes. Para agravar, não foram providenciados serviços de autocarros alternativos, tudo isto numa altura do ano, de aulas e trabalho, em que é vital os serviços de transporte urbanos funcionarem em pleno”, criticam.
A Zero e a Quercus apontam como consequências para esta falta de alternativas de transporte público o aumento do número de viaturas particulares a circular na cidade de Lisboa e dos constrangimentos no tráfego.
“Numa fase em que o consumo de combustível em Portugal regressou ao nível pré-pandemia e o trânsito em Lisboa supera esse nível, atingindo níveis caóticos em muitas alturas da semana, a Quercus e a ZERO entendem que estes constrangimentos mal planeados são um sinal errado na transição para uma mobilidade mais sustentável, pois estão a gerar cenários caóticos nos transportes, a fazer aumentar desmedidamente os tempos de viagem”, apontam.
As associações ressalvam ainda que compreendem a necessidade do cumprimento de prazos, “fixados no âmbito da comparticipação da obra por fundos comunitários”, mas consideram que os trabalhos deveriam ter sido programados para o verão, de forma a reduzir os constrangimentos.
“Sendo agora demasiado tarde para agir a montante do problema, a Quercus e a ZERO exigem que sejam feitos esforços urgentes para garantir formas de transporte alternativo, nomeadamente a criação de serviços especiais de autocarros que assegurem os percursos dos troços interrompidos. Além disso, este serviço deve apresentar uma frequência adequada, que cubra as necessidades dos utilizadores ao longo do horário de funcionamento habitual do Metropolitano de Lisboa”, defendem.
A circulação no metro de Lisboa entre Telheiras e Campo Grande (linha Verde) e entre Campo Grande e Cidade Universitária (linha Amarela) está interrompida entre 2 de maio e 7 de julho, devido às obras de expansão daquelas linhas.
Numa publicação no site, o Metropolitano de Lisboa refere que a estação de Telheiras vai estar encerrada durante este período de obras. As estações Campo Grande e Cidade Universitária vão manter-se a funcionar no horário habitual.
Os trabalhos vão permitir a ligação dos novos viadutos do Campo Grande à infraestrutura atualmente existente, permitindo a futura entrada em exploração da já anunciada nova linha circular. Serão também instalados “novos aparelhos de mudança de via”, para possibilitar novas ligações entre as estações abrangidas.
De acordo com o Metropolitano de Lisboa, “até à reposição da normal circulação no troço da linha Verde e Amarela”, será reforçada a oferta nas horas de ponta. Na quarta-feira, a Câmara Municipal de Lisboa informou que a Carris reforçou o serviço das carreiras 736, 738 e 767 devido às obras de expansão das linhas Verde e Amarela do Metropolitano.
Com inauguração prevista em 2024, a nova linha circular, que vai ligar a estação do Rato ao Cais do Sodré, numa extensão de mais dois quilómetros de rede, irá criar um anel circular no centro de Lisboa, e interfaces que conjugam e integram vários modos de transporte.
O Metropolitano de Lisboa opera diariamente com quatro linhas: Amarela (Rato-Odivelas), Verde (Telheiras-Cais do Sodré), Azul (Reboleira-Santa Apolónia) e Vermelha (Aeroporto-São Sebastião).