Dezenas de milhares de migrantes aguardam junto à fronteira norte do México pelo fim do Título 42, a medida implementada por Donald Trump que resultou na expulsão de mais de 1,08 milhões de pessoas do país, para puderem atravessar a fronteira para os Estados Unidos da América.
O Título 42 foi uma medida adotada por Donald Trump e expandida pelo atual Presidente norte-americano, Joe Biden, para retirar migrantes dos Estados Unidos sob o pretexto da pandemia Covid-19, uma declaração de emergência que termina esta quinta-feira às 23h59.
Em Tijuana, na fronteira com o estado da Califórnia, milhares de migrantes de várias nacionalidades, incluindo famílias inteiras e crianças, reuniram-se junto aos muros da fronteira esperando o fim da medida para pedir asilo humanitário nos Estados Unidos.
O acampamento tem vindo a crescer desde o fim de semana passado, com pessoas da Colômbia, Venezuela, Peru, Haiti e Honduras, mas também de países mais distantes, como Turquia e Bósnia, além de mexicanos dos estados do sul de Michoacán e Guerrero, que pretendem abandonar o país devido à violência do crime organizado.
Várias migrantes ouvidos pela EFE, que não se quiseram identificar, disseram estar sobrecarregados e cansadas, admitindo não estarem certos do seu futuro, nomeadamente porque não sabem como vai funcionar o novo Título 8, que reúne todas as leis migratórias dos Estados Unidos e que fornece procedimentos de deportação acelerada para requerentes de asilo cujas histórias carecem de credibilidade.
A zona sul dos Estados Unidos enfrentam um fluxo migratório sem precedentes, com mais de 2,76 milhões de imigrantes indocumentados interceptados na fronteira com o México em 2022. Face a esta situação, e para ajudar as autoridades no México, os Estados Unidos mobilizaram esta quarta-feira mais de 25 mil agentes na fronteira e adotaram novas restrições ao direito de asilo, antes da mudança legal.
O Governo norte-americano anunciou esta quarta-feira o destacamento de “mais de 24 mil agentes e agentes da lei, assim como mais de 1.100 coordenadores” da polícia de fronteira. Estes números não incluem os 1.500 militares enviados pelo Ministério da Defesa, em reforço aos 2.500 já no local.
Para incentivar os canais legais de imigração, Washington prevê abrir eventualmente uma centena de “centros de gestão regional”, localizados fora do país, e onde serão estudados os processos dos candidatos à emigração. Os primeiros estão previstos na Colômbia e Guatemala.
Estas novas regras foram fortemente criticadas por associações de defesa dos migrantes que acusam Biden de levar a cabo uma política migratória não muito diferente da do seu antecessor. O Presidente norte-americano, de 80 anos, que acaba de anunciar sua candidatura a um segundo mandato em 2024, tenta neutralizar essas críticas com um equilíbrio que alterna entre mensagens de firmeza e humanismo.
Juntamente com as novas restrições, o seu Governo está a conceder 30 mil vistos adicionais por mês para cidadãos de Cuba, Venezuela, Guatemala e Haiti.