O secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, defendeu em Fátima, que “quando não se encontra uma alternativa à violência”, a esperança num futuro bom “é simplesmente impossível”.

O número dois do Vaticano, perante milhares de peregrinos que encheram esta noite o recinto do Santuário de Fátima, considerou que a Igreja nasce “para servir esta alternativa de misericórdia e paz que Deus concede ao mundo e à humanidade”.

A Igreja, segundo Parolin, “é chamada a ser o instrumento vivo desta esperança, impedindo que o esquecimento a vença e definhe a sua memória”.

“Como disse tantas vezes o Papa Francisco, os cristãos não devem deixar que a esperança lhes seja roubada pela morte, pelos soberbos e os violentos“, acrescentou na homilia da celebração da palavra realizada no altar do recinto no primeiro dia da Peregrinação Internacional Aniversária de maio.

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Perante grande número de bispos presentes em Fátima, o secretário de Estado reforçou que “sem Cristo morto e ressuscitado, a realidade imensa do sofrimento humano fica prisioneira no ‘sem sentido’ e no desespero”.

“Quando não se encontra uma alternativa à violência, à guerra, ao ódio fratricida, à exclusão, à marginalização, então a esperança de uma mudança radical e de um futuro diverso e bom é simplesmente impossível”, acrescentou.

Perante uma assembleia a fazer lembrar as grandes peregrinações de antes da pandemia de covid-19, o cardeal Parolin, no santuário mariano, afirmou, também, que “em Maria, a Igreja encontra uma mãe e uma irmã que não só aponta, mas também partilha, o que é necessário para sustentar este serviço à vida e à paz”.

“Como Maria e com Maria, a Igreja constrói pacientemente a cultura do encontro, do diálogo, da reconciliação e da fraternidade sem muros”.

Esta é a segunda vez que o cardeal Pietro Parolin preside às cerimónias de uma peregrinação internacional aniversária ao Santuário de Fátima. A primeira vez foi em outubro de 2016, meses antes da presença naquele santuário do Papa Francisco, para as comemorações do 100.º aniversário das aparições, em maio de 2017, quando canonizou os videntes Francisco e Jacinta Marto.

A presença de Parolin em Fátima acontece também poucos meses antes de nova vinda do Papa a Portugal, para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), agendada para agosto.

Pietro Parolin é cardeal desde 12 de janeiro de 2014, tendo recebido a ordenação episcopal das mãos do Papa Bento XVI, em 12 de setembro de 2009, tendo sido nomeado em 31 de agosto de 2013, pelo Papa Francisco, secretário de Estado do Vaticano.

As cerimónias, que assinalam o 106.º aniversário das aparições na Cova da Iria, podem registar, segundo as estimativas das autoridades, um número de peregrinos entre 250 a 300 mil.

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A peregrinação, cujo tema está ligado ao tema proposto pelo Papa Francisco para a JMJ – “Maria levantou-se e partiu apressadamente” – iniciou-se com a chegada ao recinto dos símbolos da Jornada (a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani).

Durante a próxima madrugada, os símbolos estarão na vigília jovem na Basílica de Nossa Senhora do Rosário e, às 02h00, acompanharão a Via-sacra jovem no caminho dos Pastorinhos até ao Calvário Húngaro.

A Peregrinação Internacional Aniversária de maio prossegue no sábado, com a procissão eucarística no recinto de oração às 07h00, seguida do terço às 09h00 e a missa internacional às 10h00.