João Almeida não tinha dúvidas antes do contrarrelógio de 35 quilómetros com chegada a Cesena: mesmo sabendo que seria alguém que ficaria à sua frente, mesmo sabendo que poderia ter influência nos próprios tempos referência aos 13 e aos 28,8 quilómetros, só poderia lamentar o facto de Filippo Ganna estar ausente da nona etapa. “Pode mudar algo na classificação, foi uma pena ter ido para casa tão cedo. Temos na mesma o Remco, o Roglic ou o Kung mas sem ele não vai ser o mesmo espectáculo”, admitia. A Covid-19 deixou de ser considerada uma pandemia mas ainda vai causando mossa em algumas modalidades, como aconteceu agora no ciclismo e no Giro. O italiano não foi o único caso positivo. Agora, caiu mesmo o líder.

Quem ganhou ficou furioso, quem perdeu ainda sorri: João Almeida desce a quinto, Remco volta à liderança do Giro

Depois de uma saída canhão que parecia confirmar as expetativas criadas em seu torno neste contrarrelógio, até pela exibição de luxo com que tinha brindado tudo e todos na primeira etapa da Volta a Itália, Remco Evenepoel foi perdendo fulgor, reduziu o avanço que tinha em relação ao principal adversário Primoz Roglic e ganhou apenas por um segundo a Geraint Thomas a etapa para frustração dos responsáveis da Ineos que “tocaram” num dia quase perfeito. No entanto, o belga era talvez o corredor mais descontente com aquele que tinha sido o resultado final, sendo visível esse sentimento apesar de ter recuperado a liderança.

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O dia longo depois de todos os formalismos que os líderes da Volta a Itália têm de cumprir até terminou entre sorrisos, com o líder da Soudal Quick-Step a terminar com os pais Patrick e Anja e a mulher Oumaima Oumi Rayane, mas o pior estava para vir e, após um teste positivo à Covid-19, anunciou que abandona o Giro.

“Estou muito desiludido por ter de abandonar a corrida. Como está previsto no protocolo da equipa, fiz um teste de rotina que infelizmente acabou por dar positivo. A minha experiência aqui tem sido muito especial e estava ansioso por competir nas próximas duas semanas. Não posso agradecer mais a todos os corredores e staff que se sacrificaram por mim na preparação para o Giro. Vou estar como um adepto a torcer por todos nas próximas duas semanas”, comentou Remco em declarações à assessoria de imprensa da Soudal Quick-Step, explicando ainda que vai regressar de carro a casa esta segunda-feira. A equipa adiantou ainda que, na véspera do primeiro dia de folga, todos os outros corredores e demais elementos deram negativo.

Desta forma, a Volta a Itália dá um Giro enorme em relação ao que podia ser e ao que na realidade vai ser: com a saída de cena do belga que liderava com 45 segundos de avanço, Geraint Thomas passa a comandar a corrida tendo dois segundos de avanço em relação a Primoz Roglic (Jumbo) e cinco face ao companheiro de equipa Tao Geoghegan Hart. Já João Almeida, português que lidera a UAE Team Emirates, sobe a quarto mas apenas a 22 segundos da camisola rosa tal como o anterior líder, Andreas Leknessund (DSM).

“Senti-me bem na bicicleta. Foi difícil encontrar um bom ritmo com as curvas, era preciso arriscar. Estive melhor na segunda parte em relação à primeira. Acho que no global foi muito bom tendo em conta que o piso estava escorregadio e tive algum receio disso”, comentou João Almeida após contrarrelógio deste domingo. De recordar que, no último ano, o português também deixou o Giro mas na terceira semana quando estava na quarta posição a tentar recuperar a distância para Mikel Landa no pódio quando contraiu Covid-19.