A economia portuguesa deve crescer 2,4% em 2023, antecipa a Comissão Europeia nas previsões de primavera divulgadas esta segunda-feira. A nova projeção é muito mais otimista do que a expansão de 1% estimada em fevereiro e, a confirmar-se, significa que a economia portuguesa irá crescer mais do que o dobro da zona euro (1,1%) e do que a União Europeia como um todo (1%).
As novas previsões da Comissão Europeia também apontam para uma taxa de inflação de 5,1% e o desemprego a subir em 2023 de 6% para 6,5%. Em 2024, porém, acredita-se que a taxa de desemprego volta a baixar, para 6,3%, um ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) desacelera para um crescimento de 1,8% e a inflação baixa para os 2,7%.
“Depois de uma forte recuperação no início de 2023, o crescimento económico deverá enfraquecer no segundo trimestre deste ano e voltar a acelerar depois disso”, afirma a Comissão Europeia num comentário onde acrescenta que “o turismo continua a suportar o crescimento económico” no País. A Comissão Europeia destaca, também, a importância do aumento das exportações, que contrabalançou a procura interna “enfraquecida” pela rápida subida das taxas de juro.
Portugal surge como um dos países com maior crescimento económico em 2023, superado pelos 5,5% da Irlanda, os 3,9% de Malta e os 3,2% da Roménia e igualado pelos 2,4% da Grécia. A economia espanhola deverá crescer 1,9% em 2023 e 2% em 2024.
A Comissão Europeia aponta, também, para um défice perto do equilíbrio de 0,1%, contra os 0,4% previstos pelo Governo. A mesma marca aponta Bruxelas para 2024.
Paolo Gentiloni, comissário europeu para os assuntos económicos, comentou na conferência de imprensa que Bruxelas tem uma “previsão globalmente positiva para Portugal“, destacando que o crescimento de 2,4% previsto é mais do que o dobro da média europeia.
Por outro lado, o responsável destacou que, embora as medidas para atenuar a crise tenham um impacto “significativo” nas contas públicas, isso está a ser acomodado no saldo orçamental em quase equilíbrio que a Comissão Europeia prevê. Gentiloni salientou que há 14 países da EU com défices acima dos 3% e Portugal “não está nesse grupo de países”.
A Comissão Europeia mostra-se, assim, até mais otimista do que o Governo, que anteviu um crescimento de 1,8% em 2023 e 2% em 2024, no Programa de Estabilidade revelado há menos de um mês, em abril.