O Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), que representa revisores e trabalhadores das bilheteiras da CP, entregou um pré-aviso de greve de 24 horas para o dia 31 de maio, por considerar que o acordo firmado entre a empresa e os maquinistas cria “desigualdades” entre trabalhadores e põe em causa as regras de segurança nos comboios.
“A direção deste Sindicato, no seguimento de reunião com a administração da CP realizada no dia 10 de maio de 2023, ao ter conhecimento dos termos do acordo realizado entre esta e o sindicato dos maquinistas, verificou que esse acordo coloca em causa o acordo realizado entre Ministério das Infraestruturas, IMT, CP com o SFRCI em conjunto com outras ORT [organizações representantivas dos trabalhadores] em 2018, no que respeita às regras de segurança da circulação de comboios”, refere o SFRCI, em comunicado.
Ao Observador, Luís Bravo, presidente do sindicato, diz que o acordo firmado entre a CP e os maquinistas do SMAQ — que nem uma nem outra parte divulgaram na totalidade —, no início do mês, permite que haja deslocações dos comboios entre a oficina e as estações (logo sem passageiros) sem o acompanhamento de um revisor. De acordo com o sindicalista, essa opção, além de colocar em risco a segurança da circulação nesses trajetos (por exemplo em caso de colhida), no médio e longo prazo levará à extinção de postos de trabalho de revisores.
Além disso, Luís Bravo adianta que os aumentos salariais propostos aos maquinistas são mais generosos do que aqueles que foram propostos aos revisores. A CP terá proposto, para uns e outros, um aumento de 10% nas ajudas de custo no repouso fora da sede e de 6,8% nas deslocações e itinerância, mas Luís Bravo diz que esses suplementos não se aplicam à maioria dos revisores. Os maquinistas, adianta, terão conseguido um aumento no prémio de condução (que apenas se aplica a esta categoria profissional).
Segundo Luís Bravo, a CP informou os representantes dos trabalhadores de que iam ser abrangidos pelo aumento salarial intercalar de 1% aplicado à função pública. O problema para o sindicato está, portanto, nos aumentos aos suplementos salariais, que, diz, não são aplicados de forma igual entre categorias.
No comunicado, o SFRCI sublinha que a “Administração da CP, tem conhecimento que os termos do acordo com o SMAQ [sindicato dos maquinistas], em que coloca em causa postos de trabalho, segurança da circulação e desigualdade salariais, jamais trará a paz social à empresa”. E alega que o acordo “põe igualmente em causa o deliberado pelo Ministério das Finanças relativamente aos aumentos salariais decididos para os Trabalhadores e Trabalhadoras da Função Pública e Setor Empresarial do Estado”.
O pré-aviso de greve aplica-se “à prestação de todo e qualquer trabalho durante todo o seu período de trabalho entre as 00h00 horas e as 24h00 horas do dia 31 de maio de 2023”.
CP de novo em greve. Que força sindical é esta que faz parar os comboios?