O Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVCS) registou 489 protestos em abril, em média de 16 por dia, uma diminuição de 36% em comparação com os 768 registados durante igual mês de 2022.

“Do total global, 398 protestos estiveram relacionados com direitos económicos, sociais, culturais e ambientais, representando 81%”, explica o relatório de Abril, precisando que “as principais reivindicações foram por direitos laborais, segurança social e serviços básicos”.

Por outro lado, “as reivindicações relacionadas com os direitos civis e políticos foram monitorizadas em 91 protestos, o equivalente a 19% do número total”.

“No índice de protestos destacam-se os estados de Bolívar (59), Sucre (58), Carabobo (43), Anzoátegui (35) e Lara (33). As entidades (regiões) com menor número de manifestações foram Apure (2), Delta Amacuro (4) e Coahuila (4)”, explica o documento, precisando que no Distrito Capital se registaram 19 ações de protesto.

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Segundo o OVCS, “as manifestações dos trabalhadores ocuparam o primeiro lugar nas reivindicações, representando 61% do total registado” e durante a Semana Santa “trabalhadores, reformados, pensionistas e vizinhos reclamaram os seus direitos através de uma via-sacra temática e da queima do Judas”.

“Exigiram salários e pensões dignas e condenaram atos de corrupção de altos funcionários do governo”, sublinha.

No setor da educação, “pais e representantes uniram-se aos protestos do setor para exigir melhores salários” e “soluções para os problemas das infraestruturas educativas e serviços dentro das escolas”.

Houve ainda protestos exigindo serviços básicos, entre eles água potável, eletricidade e gás doméstico e melhorias nas estradas, e manifestando preocupação pela falta de manutenção do sistema de esgotos e falhas na recolha de resíduos sólidos.

Os mineiros de várias zonas do estado de Bolívar (sudoeste) protestaram contra o desalojamento das minas, enquanto produtores de cana-de-açúcar de Cumanacoa (nordeste) realizaram uma greve de fome exigindo respostas a dívidas de 2021.

“Durante o mês de Abril, foram documentados 25 protestos em 11 estados do país para exigir um fornecimento regular de combustível de qualidade”, sem a fixação das tarifas em dólares norte-americanos, explica o documento.

No estado de Nueva Esparta (norte), “os pescadores denunciam que a escassez de gasolina está a impedir a atividade piscatória e até as deslocações entre [as ilhas de] Margarita e Coche”.

Em Trujillo (noroeste) “moradores, motoristas e motociclistas queixam-se de longos tempos de espera e alegados atos de corrupção no sistema de distribuição de combustível” e em Táchira (oeste) a população denunciou quilómetros de veículos à espera para abastecer-se nas estações de abastecimento de combustíveis, sem horário fixo e com a atenção condicionada ao dígito terminal da matrícula.

Sobre as modalidades de protesto, 294 foram concentrações e 67 bloqueios de ruas e avenidas. Houve ainda 48 protestos criativos (representação de via sacra temática e queima de Judas) e 46 marchas.