A Juventus vai enfrentar um novo julgamento por alegadas “manobras salariais” com futebolistas, pagamentos suspeitos a agentes, e acordos secretos com outros clubes italianos, num processo distinto do caso das mais-valias com transferências, anunciou esta sexta-feira a federação.
“A Procuradoria-Geral da República remeteu a Juventus para o Tribunal Nacional Federal – Secção Disciplinar —, por responsabilidade direta e objetiva pelos atos e condutas dos seus dirigentes, entre eles Andrea Agnelli (na época, presidente), Pavel Nedved (vice-presidente), Fabio Paratici (diretor desportivo), e Federico Cherubini (chefe de equipas de futebol e áreas técnicas), que são acusados de violar o artigo 4.º do Código Desportivo por vários atos e condutas relacionados com quatro diferentes aspetos sob investigação: as manobras salariais para as épocas 2019/20 e 2020/21, acordos com agentes e geminação com outros clubes”, informou em comunicado o Tribunal de Recurso da Federação Italiana de Futebol (FIGC).
Este é um processo autónomo da denominada Investigação do Prisma, que contempla ainda o caso das mais-valias com transferências de futebolistas pelo clube de Turim, onde o “astro” português Cristiano Ronaldo jogou durante três épocas (2018/19, 2019/20 e 2020/21).
Sobre a manobra salarial dos exercícios de 2020 e 2021, Andrea Agnelli, Fabio Paratici e Pavel Nedved são acusados de terem apresentado à Serie A os acordos de redução salarial de quatro meses (março, abril, maio e junho de 2020) de 21 jogadores (incluindo Paulo Dybala e Cristiano Ronaldo), mas de não apresentar os acordos de recuperação de três dos quatro meses de salário dispensados ?(abril, maio, junho de 2020), algo ilegal pois devia ter sido contabilizado no balanço do ano. Tal permitiu ao clube aliviar a sua situação económica de forma “fictícia” durante a pandemia.
Além disso, a FIGC aponta que, em 2021, a manobra foi feita “sabendo que não haveria redução salarial efetiva, uma vez que os mesmos valores seriam pagos aos mesmos jogadores nas épocas desportivas seguintes, conforme já acordado entre as partes através de acordos privados”.
No caso dos acordos com agentes, a FIGC informou que a Juve teria pago aos agentes por transferências de jogadores em que nem sequer intervieram.
Nesse sentido, estão sob escrutínio as transferências de Leonardo Spinazzola para a Roma, Kaly Sene ao Basileia ou a renovação do contrato de Giorgio Chiellini, entre muitos outros.
Finalmente, no que diz respeito aos acordos com outros clubes, a Juventus é acusada de “ter negociado, assinado ou de qualquer forma acordado com Sampdoria, Atalanta, Sassuolo, Udinese, Bolonha e Cagliari, acordos confidenciais relativos a transações de mercado relacionadas à compra, venda ou transferência de jogadores sem preencher os formulários federais relevantes para a Serie A ou fornecer formulários federais que continham acordos no todo ou em parte diferentes daqueles realmente concluídos”.
O julgamento está previsto para junho e não implicará uma sanção – financeira, desportiva, ou ambas – até a próxima temporada, de acordo com a media italiana.
Esta notícia surge poucos dias antes de a justiça italiana decidir, definitivamente, em 22 de maio, a penalização da Juventus por alegadas irregularidades financeiras na transferência de futebolistas.
O FIGC tinha sancionado a vecchia signora com uma penalização de 15 pontos, contudo, posteriormente, o Colégio de Garantias do Comité Olímpico Italiano (CONI), órgão independente que é o terceiro e último nível da justiça desportiva italiana, decidiu suspender o castigo, enviando o caso para reapreciação.
A Juventus é acusada de ter aumentado o valor de mercado dos seus jogadores para obter mais benefícios com a sua posterior venda.
Atualmente, a Juventus é segunda classificada, com 69 pontos, num campeonato já ganho pelo Nápoles (83), e, caso a Justiça decida mesmo pela perda de 15 pontos, isso significaria falhar as competições europeias do próximo ano.