Um tribunal da Guatemala decidiu suspender provisoriamente a candidatura do empresário Carlos Pineda, que lidera as sondagens para as eleições presidenciais de 25 de junho. O Tribunal de Contencioso Administrativo decidiu na sexta-feira que o Prosperidade Cidadã, que nomeou Pineda como candidato a presidente, incorreu em várias irregularidades ao realizar a assembleia em que foram escolhidos os candidatos eleitorais do partido.
A decisão partiu de uma denúncia apresentada pelo partido Mudança, liderado pelo político e empresário Manuel Baldizón, que cumpriu uma pena de quatro anos de prisão nos Estados Unidos por branqueamento de capitais. Pineda pertenceu ao partido de Baldizón até 2022.
Antes da decisão, o advogado de Pineda tinha interposto um recurso para tentar impedir a suspensão do candidato, mas sem sucesso. Após o anúncio do tribunal, o empresário disse, numa mensagem publicada nas redes sociais, que a decisão mostrava que a Guatemala vive uma “ditadura”.
“Já correram com o MLP por questões ideológicas”, lembrou Pineda, referindo-se ao Movimento de Libertação dos Povos (MLP), que foi impedido em janeiro de participar das eleições presidenciais pelo Tribunal Superior Eleitoral.
A candidatura do empresário Roberto Arzú, filho do antigo presidente Álvaro Arzú (1996-2000), já tinha sido suspensa por “vingança pessoal” de pessoas que controlam o Estado, alegou Pineda. “Correndo comigo, que não sou aliado da corrupção, o seu plano sinistro e macabro continua”, acrescentou o empresário, que culpou o partido Vamos, do Presidente guatemalteco Alejandro Giammattei.
Pineda disse que irá recorrer da decisão para o Tribunal Constitucional, a mais alta instância judicial do país centro-americano.
Nas últimas semanas, também o candidato de direita Rafael Curruchiche e a líder indígena de esquerda Thelma Cabrera foram excluídos das eleições presidenciais. Em 1 de abril, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch exigiu que a Guatemala pusesse fim às exclusões “aparentemente arbitrárias” de candidatos presidenciais por colocarem em risco a realização de eleições “justas e livres”.
De acordo com uma sondagem realizada pela empresa ProDatos e divulgada pelo jornal local Prensa Libré a 02 de maio, Pineda reunia 23,1% das intenções de voto. O dono de empresas de transporte e fazendas de gado no norte da Guatemala participava das eleições presidenciais pela primeira vez.
Durante a campanha eleitoral, Pineda, que se apresenta como sendo de fora da política, tem sido questionado pela imprensa sobre relações com pessoas ligados ao tráfico de droga e sobre a forma como obteve um visto de entrada nos Estados Unidos.
Em 25 de junho, cerca de 9,3 milhões de guatemaltecos devem eleger um novo presidente, vice-presidente, 160 deputados ao Congresso, 20 ao Parlamento Centro-Americano e 340 autarcas para o período entre 2024 e 2028.