Vários ativistas ambientais lançaram este domingo um líquido negro na água da monumental Fontana di Trevi, um dos símbolos da cidade de Roma, e desfraldaram uma faixa a exigir o fim do investimento em combustíveis fósseis.
O líquido atirado para a água do monumento é presumivelmente carvão líquido, o mesmo líquido utilizado em outras ações semelhantes na capital italiana, como na fonte Barcaccia na Escadaria Espanhola, ou na fonte dos Quatro Rios, de Gian Lorenzo Bernini, na Piazza Navona.
Uma dúzia de jovens entrou na água da joia barroca para avisar que o “país está a morrer” devido à crise climática e apontou as inundações na região de Emilia-Romagna, no norte de Itália, que causaram 14 mortos e 36.600 desalojados, como uma das suas consequências.
A polícia acorreu ao local para os prender, entrando na água para os retirar um a um, enquanto os turistas que visitavam o monumento reagiam à ação com insultos e troças.
O presidente da Câmara de Roma, Roberto Gualtieri, deixou um apelo nas redes sociais para o fim das “agressões absurdas” ao património artístico da cidade, como a mítica ‘Fontana de Trevi’, que em 2015 viu o seu restauro e limpeza concluídos após um ano e meio de trabalhos.
“Hoje, a Fontana di Trevi foi vandalizada. A sua recuperação será dispendiosa e complexa e esperamos que não haja danos permanentes. Convido os ativistas a medirem-se num terreno de debate sem colocar os monumentos em risco”, pediu Roberto Gualtieri.
Oggi 9 attivisti hanno versato carbone vegetale nella #FontanadiTrevi. Grazie all’intervento tempestivo della Polizia locale evitato il peggio. Ora necessario un intervento che impegnerà risorse pubbliche e porterà allo spreco di 300 mila litri di acqua ▶️ https://t.co/IRowYI6X4z pic.twitter.com/N4YLRb92se
— Roberto Gualtieri (@gualtierieurope) May 21, 2023
O grupo “Ultima Generazione” (Última Geração) reivindicou a ação no seu perfil do Instagram e exigiu o “bloqueio dos subsídios públicos aos combustíveis fósseis e colocar o foco no colapso climático” para o qual se caminha.
Esta não é a primeira vez que estes ativistas atacam o património com ações como esta. Em 1 de abril derramaram tinta preta na histórica fonte Barcaccia, na Praça de Espanha em Roma, construída entre 1626 e 1629. Em 17 de março, dois jovens pintaram com tinta laranja o Palazzo Vecchio de Florença, sede da Câmara Municipal, tendo sido detidos pelo próprio presidente da Câmara, Dario Nardella.
Em novembro de 2022 atiraram sopa para um quadro de Van Gogh, numa exposição temporária em Roma, e espalharam tinta na obra “O Dedo”, de Maurizio Cattelan, em frente à Bolsa de Milão, bem como na escultura equestre de Vittorio Emanuele II, em frente à catedral, da cidade.
Dois ativistas estão a ser julgados no Tribunal do Vaticano por terem danificado com cola a base desta escultura de Laocoonte, num protesto. O Governo italiano aprovou um projeto de lei que pune com multas até 60 mil euros, ou sanções penais, os autores de atos de vandalismo contra obras de arte, monumentos ou património.