O Presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, Ricardo Mexia, diz que obteve do ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, disponibilidade para uma “solução” no novo mapa do metro de Lisboa que responda a uma das reivindicações daquela junta: que os habitantes do Lumiar tenham acesso direto ao centro da cidade. Segundo Mexia, as obras que estão a ser feitas permitirão que os comboios funcionem em dois registos: numa linha circular e numa linha em laço. O Governo diz que “não há qualquer alteração” e diz que decisão sobre o modelo ainda não foi tomada.

Só com a linha circular, essa ligação direta ao centro deixaria de acontecer: um utente que partisse do Lumiar e quisesse ir para o centro de Lisboa teria de fazer transbordo no Campo Grande, o que, diz Ricardo Mexia, seria um “enorme prejuízo” para os passageiros. Uma das propostas de Mexia — e que constava no programa eleitoral de Carlos Moedas a Lisboa — é a existência de uma linha em laço que transforme a linha circular e a futura linha amarela numa linha única que ligue estações como Odivelas, Campo Grande, Rato, Cais do Sodré, Alameda, Campo Grande e Telheiras.

[Oiça aqui a intervenção de Ricardo Mexia na Rádio Observador]

Lumiar. “Solução final do metro não está fechada”

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Segundo o Presidente da Junta, numa reunião com a tutela, o ministro Duarte Cordeiro terá mostrado disponibilidade em estudar uma solução diferente da que até aqui tinha sido anunciada. A notícia foi avançada pela TVI e confirmada por Ricardo Mexia à Rádio Observador: “O senhor ministro colocou em cima da mesa a possibilidade de avaliar qual é a solução que vai ser implementada no final”.

“A solução que está a ser implementada do ponto de vista da obra permite manter a solução linha circular mas também a linha em laço, que é a proposta que temos apresentado para mitigar os impactos para a população do Lumiar”, clarificou. Ou seja, na prática, isto significaria que as obras se mantêm como estão a decorrer e que a forma como os comboios andam nas linhas é que pode alterar-se, com uma eventual coexistência da linha circular com a linha em laço.

“O que nos foi transmitido é que a solução técnica que está encontrada permite depois, do ponto de vista operacional, funcionar nos dois registos, no registo de linha circular e no registo linha em laço“, afirmou Ricardo Mexia, que registou essa disponibilidade de diálogo como um “sinal importante” para “acautelar os interesses dos cidadãos” do Lumiar.

Não foi, segundo Mexia, fechado nenhum calendário para a eventual nova solução, mas houve “esta disponibilidade para dialogar”. “Esperamos que haja um processo em que se possa discutir toda esta questão”, acrescentou.

“Não há qualquer alteração das decisões tomadas”, diz Governo

Em comunicado divulgado à hora de almoço desta terça-feira, o Ministério Ambiente e da Ação Climática confirma que o ministro Duarte Cordeiro e o Secretário de Estado da Mobilidade Urbana estiveram reunidos com o Presidente da Câmara de Lisboa, o Presidente da Junta de Freguesia do Lumiar e a Administração da Metro de Lisboa, “para explicar a razão das intervenções que têm gerado perturbações na circulação, bem como a sua planificação”.

“Foram também apresentados os esforços desenvolvidos para encontrar alternativas, em conjunto e em articulação com os operadores rodoviários, nomeadamente a Carris e a TML”, diz o comunicado, acrescentando-se que “nessa reunião, a Linha Circular foi também abordada”.

Nesta matéria, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática esclarece que não há qualquer alteração das decisões tomadas ou sobre a continuidade das obras em curso“.

O Ministério “esclarece”, também, que “em devido tempo foi decidido estender a linha Amarela do Rato ao Cais do Sodré na linha Verde, criando a possibilidade de construir uma Linha Circular na zona central da rede do Metro de Lisboa“.

As intervenções em curso na estação do Campo Grande visam permitir a criação desta Linha Circular, sem colocar em causa a possibilidade de outros tipos de operação, como o funcionamento habitualmente designado pela expressão “em laço” ou a combinação destes tipos de funcionamento.

“A decisão sobre o modelo de operação, simples ou combinado, será definida a seu tempo pela Metro de Lisboa, suportada pelos estudos de procura e de operação que o fundamentarão”, diz o comunicado.