Os governos português e argelino assinaram esta quarta-feira quatro acordos bilaterais abrangendo “startups” e inovação, cultura e modernização administrativa, numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo chede de Estado da Argélia, Abdelmadjid Tebboune.

Antes da cerimónia de assinatura dos acordos, em São Bento, António Costa e o Presidente argelino estiveram reunidos cerca de uma hora — um encontro em que o Governo português esteve representado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, da Economia, António Costa Silva, da Ciência e Ensino Superior, Elvira Fortunato, do Ambiente, Duarte Cordeiro, e das Infraestruturas, João Galamba.

João Gomes Cravinho e o seu homólogo argelino assinaram três dos quatro acordos firmados, o primeiro dos quais um memorando de entendimento no domínio do “Governo Digital e da Modernização Administrativa”, pelo qual se “visa desenvolver e consolidar a cooperação bilateral em matéria de tecnologias de informação” na área da administração pública.

Os outros dois acordos são relativos a um programa de intercâmbio cultural até 2025 — Portugal e a Argélia comprometem-se no sentido de desenvolver a cooperação bilateral nas áreas da educação, ensino superior investigação científica, juventude, desporto e comunicação social —  e uma declaração de Intenções política para o reforço da cooperação bilateral.

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Este último documento, segundo o executivo de Lisboa, é um “instrumento de cariz genérico que assinala e enquadra a vontade comum de reforçar as relações bilaterais numa vasta panóplia de matérias de interesse mútuo”.

Já o ministro António Costa Silva fechou um memorando de entendimento sobre startups e inovação.

Este memorando, de acordo com os governos português e argelino, “visa reforçar a cooperação económica e comercial no que diz respeito às startups” dos dois países “e contribuir para o incremento da sua competitividade nos mercados mundiais, através da troca de conhecimentos e experiências tendo em vista a melhoria das respetivas infraestruturas institucionais e mecanismos de apoio”.

Antes desta cerimónia em São Bento, na sessão de abertura do Fórum Económico Portugal-Argélia, o primeiro-ministro português manifestou esperança em desenvolver uma maior cooperação no setor das energias renováveis e em particular do hidrogénio verde, com o Presidente argelino a reconhecer que esse tipo de energias se está a impor.

António Costa defendeu que a Argélia “conhece bem os trunfos” de Portugal, em particular nos setores da construção, metalurgia e produção de equipamentos, e referiu que, além destes setores, os dois países têm também “oportunidades de investimento em outras áreas”, como os produtos farmacêuticos, cooperação entre portos e, “sobretudo, na área da energia”.

Santos Silva realça importância da Argélia para as empresas portuguesas e Europa

Reconhecendo que a Argélia “é um dos principais fornecedores de gás natural para Portugal” e tem um “papel fundamental” no abastecimento energético do país, o primeiro-ministro salientou que uma alteração do modelo energético não significa “deixar de utilizar e consumir recursos em que a Argélia é muito rica”.

A visita do Presidente da Argélia a Portugal acontece cerca de uma semana depois da realização, em Argel, da 6.ª sessão do Grupo de Trabalho Conjunto de Cooperação Económica Luso-Argelina.

Na reunião em Argel esteve presente o ministro da Economia, António Costa Silva, que manifestou o desejo de Portugal quintuplicar o investimento na Argélia ao longo dos próximos cinco anos.

Segundo noticiou então a imprensa argelina, Costa Silva afirmou que a Argélia “é uma parceira fundamental e credível num mundo cada vez mais incerto a nível económico e geopolítico” e que Portugal pretende aumentar e diversificar os investimentos na Argélia em vários setores de atividade, tais como obras públicas, finanças, indústria, produção farmacêutica, hidráulica, agricultura, energia e transportes.

Até 2022, houve apenas oito projetos de investimento portugueses, apesar de a Argélia contar com cerca de 80 empresas portuguesas no ativo, maioritariamente em setores estratégicos.

Argel insiste, agora, em orientar alguns investimentos portugueses para as indústrias agroalimentar e transformadora, tendo sido, segundo o jornal diário El Watan, essa a vontade manifestada pelo ministro da Economia argelino, Tayeb Zitouni.

A Argélia é o mais importante fornecedor de energia a Portugal, com um volume anual que cobre 40% das necessidades.