Um contrato no valor de 625 mil euros, válido por dois anos, para a compra de copos de papel foi aprovado pela comissão executiva da TAP em agosto de 2021. O tema foi levado à comissão executiva, revelou esta quinta-feira o deputado do PSD Hugo Carneiro, que confrontou o administrador financeiro da altura, João Weber Gameiro, com a aquisição e a necessidade deste grau de aprovação. “Não me recordo”, respondeu o ex-administrador financeiro, que esteve no cargo três meses, sobre o porquê de os administradores terem de ter dado o ‘ok’ a esta compra.

“Estes 625 mil euros dos copos são sui generis porque depois houve um pagamento de 500 mil euros [a Alexandra Reis], que tem alguma materialidade, mas muitos administradores não sabiam de nada. Concluímos que o tratamento dado às várias situações é distinto ao longo do tempo”, concluiu Hugo Carneiro.

Ex-administrador financeiro da TAP saiu ao fim de três meses por falta de seguro e de contrato de gestão

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A ata dessa reunião está assinada por Weber Gameiro, mas o ex-administrador diz não se recordar dos detalhes. “Essas compras eram um processo liderado pela direção de compras da TAP, a análise com outras opções era feita. Estou em crer que se chegou aí porque era a melhor opção nesse momento”, justificou. “Não sei se é muito ou pouco, parece, mas imagino que há um trabalho por trás”, acrescentou, sobre o valor do contrato.

Já sobre o facto de os copos de papel terem sido levados à reunião da comissão executiva, Weber Gameiro adiantou que as “decisões estavam muito concentradas no conselho de administração e na comissão executiva”, e que os diretores “não assinavam nada”, tudo era levado aos administradores. Mesmo que houvesse delegação de competências num ou dois administradores, “ainda assim era levado à comissão executiva”, recorda, referindo ainda que esta prática era uma das coisas que se pretendia mudar dentro da empresa.

O antigo administrador financeiro foi ainda questionado pelos deputados do PS, Fátima Fonseca, e do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, sobre as regras internas da TAP para autorizar pagamentos de indemnizações de valores expressivos, como o meio milhão de euros de Alexandra Reis. João Weber Gameiro não soube explicar qual o protocolo porque nunca lhe vieram pedir autorização para pagamento de salários, apenas para realizar pagamentos que não eram de rotina

O seu sucessor, Gonçalo Pires, afirmou que a verba em causa estava dentro dos valores orçamentados para a reestruturação e indemnizações e que bastava a assinatura de dois administradores — neste caso Christine Ourmières-Widener e Manuel Beja — para validar o pagamento a Alexandra Reis. O CFO justificou assim o seu desconhecimento sobre o montante do acordo.