Com a nova regulamentação técnica da Fórmula 1 já no horizonte, agendada para 2026, começa a dança das cadeiras no que respeita aos fornecedores de motores, excepção feita para as equipas que constroem a sua própria unidade motriz, um “luxo” que revela bolsos fundo e um enorme potencial tecnológico e que, actualmente, está apenas ao alcance da Ferrari, da Mercedes e da Alpine-Renault.
A Honda sempre se viu como um fornecedor de motores, preferindo partilhar a conta do seu envolvimento com um parceiro, seja ele a TAG ou, mais recentemente, uma popular marca de bebidas energéticas. Tal nunca impediu os japoneses de fabricar mecânicas capazes de se bater pela vitória, apesar da adaptação aos actuais motores 1.6 híbridos ter sido mais lenta do que desejável. Isto explica que o primeiro título mundial tenha surgido com a Red Bull em 2021 e, em 2022, mesmo se o Campeonato do Mundo não foi creditado à Honda, a base da mecânica era a mesma e eram ainda os japoneses os responsáveis pela gestão técnica.
Com a nova regulamentação ao virar da esquina, a Red Bull já assinou com a Ford para 2026, o que levou a Honda a mudar de par para continuar na dança. A equipa escolhida foi a Aston Martin que tão bem se está a portar nesta época, ainda que com motores Mercedes, apesar do campeonato ser liderado pela Red Bull com as já mencionadas unidades de base Honda, pagas e parcialmente desenvolvidas pela Red Bull.
Os novos motores a introduzir em 2026 herdarão muito dos actuais, para reduzir os custos, mas abundarão as alterações capazes de fazer a diferença entre as unidades motrizes. O motor de combustão continuará a ser o seis cilindros em V, com apenas 1,6 litros, soprado por um turbocompressor de dimensões mais que generosas, que abandonará a gasolina fóssil e passará a queimar gasolina sintética, produzida em laboratório a partir de carbono retirado da atmosfera e de hidrogénio gerado pela electrólise da água, num processo alimentado por energia verde.
As maiores diferenças serão devidas à origem da potência, que actualmente provém 80% do motor de combustão e apenas 20% dos motores eléctricos. A partir de 2026, o contributo do motor de combustão será reduzido para 50%, levando ao incremento do rendimento das unidades eléctricas para assegurar os restantes 50% e tornar esta disciplina menos agressiva em termos ambientais. Os responsáveis pela Honda afirmam mesmo que desenvolver motores para a nova F1 “ajudará a marca a desenvolver tecnologias que vão ser utilizadas nos veículos eléctricos de série e, sobretudo, no próximo desportivo topo de gama”, provavelmente referindo-se ao sucessor do NSX.