O Banco Central Europeu “ainda tem caminho para percorrer” na subida das taxas de juro, confirmou a presidente da autoridade monetária num discurso feito no dia em que o Eurostat calculou que a taxa de inflação na zona euro baixou (mais do que o previsto) para 6,1%. Christine Lagarde mantém a convicção de que “a inflação está em níveis demasiado elevados e deverá manter-se nesses níveis por demasiado tempo”.
“Ainda temos caminho a percorrer nas taxas de juro”, confirmou Christine Lagarde, salientando que “não há evidências claras de que a inflação core [subjacente] já tenha passado o pico”. Essa é uma referência ao cálculo da inflação que não leva em consideração os preços da energia e dos produtos alimentares não-processados. Esse indicador é aquele que mais preocupa o BCE porque sinaliza uma generalização das pressões inflacionistas na economia, incluindo nas negociações salariais e nas margens de lucro das empresas.
A inflação (global) na zona euro baixou de 7% para 6,1% em abril, uma descida que foi ainda mais pronunciada do que previam os economistas consultados pela Reuters. A média dos economistas apontava para uma baixa da inflação para 6,3%, pelo que o alívio no ritmo de subida dos preços foi maior do que se previa. Ainda assim, a inflação ainda está três vezes acima do objetivo de 2%.
Já a inflação subjacente baixou de 5,6% em abril para 5,3% em maio, um sinal positivo que, porém, continua a deixar o BCE numa posição desconfortável. Horas antes do discurso de Christine Lagarde, também o vice-presidente do BCE, o espanhol Luis de Guindos, confirmou que as taxas de juro vão continuar a subir – sendo 25 pontos-base a “norma” – porque a inflação continua “longe do objetivo”, que é de 2% “no médio prazo”.