A cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, acordou esta terça-feira debaixo de um céu cinzento e de um sol alaranjado. A causa deste ambiente pesado são as nuvens de fumo vindas dos incêndios florestais ativos no Canadá, que cobriram uma faixa no leste e norte dos EUA.

Esta quarta-feira o fumo e cinzas, vindos principalmente de Nova Escócia e do Quebec, fizeram soar os alertas de saúde pública norte-americana. Desde 1960 que Nova Iorque não registava um nível tão mau de qualidade de ar — com o índice a atingir os 235, traduzindo-se em “very unhealthy” (muito pouco saudável, em português), segundo o The New York Times , tornando-se assim na cidade com o ar mais poluído no mundo. Segundo o mayor da cidade, Eric Adams, citado na ABC News, previa-se que a situação piorasse durante o dia.

“Estamos a tomar precauções para proteger a saúde dos nova-iorquinos até termos uma melhor noção dos futuros relatórios sobre a qualidade do ar”, afirmou ainda, adiantando que as escolas públicas da cidade vão manter as atividades ao ar livre suspensas e que durante as aulas de educação física e recreios os alunos devem manter-se dentro dos edifícios escolares.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Recomendamos a todos os nova-iorquinos que tomem as precauções que considerem adequadas para proteger a sua saúde”, afirmou.

Espera-se que durante a noite desta quarta-feira e até à manhã de quinta-feira, uma nova dose de fumo muito espesso siga de Nova Iorque em direção ao sul, para Baltimore e Washington D.C., cidades que também acordaram com o cheiro a queimado no ar.

Autoridades pedem que população fique em casa

De Nova Iorque até à Carolina do Sul, as autoridades alertam os residentes com riscos para a saúde — pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, grávidas, crianças e idosos — a não saírem de casa e a manterem as janelas fechadas até que a situação melhore. No entanto, a Agência de Protecção Ambiental dos EUA alerta que todas as pessoas podem vir a sofrer efeitos secundários adversos da exposição ao ar poluído.

Nas últimas semanas, o leste do Canadá tem vivido aquela que pode vir a ser a pior época de incêndios florestais da história do país. Esta quarta-feira, a Canadian Interagency Forest Fire Centre chegou a registar 423 fogos ativos — dos quais 246 estavam fora de controlo —, contabilizando uma área queimada de 2,7 milhões de hectares, o equivalente a 5 milhões de campos de futebol.

“Ao longo dos últimos 20 anos, nunca vimos uma área ardida tão grande, tão cedo na temporada”, disse Yan Boulanger, um investigador do Ministério dos Recursos Naturais, à Reuters.

De acordo com o ministro dos Recursos Naturais, Jonathan Wilkinson, a situação vai piorar ao longo do mês de junho, mantendo-se o risco muito elevado de incêndio durante o resto do verão. “É evidente que o Canadá está a sofrer o impacto das alterações climáticas”, afirmou.