A diferença salarial entre jovens com o ensino superior e com o ensino secundário atingiu “mínimos históricos”, passando de 50% em 2011 para 27% em 2022. A conclusão é de um relatório da Fundação José Neves (FJN), divulgado esta quinta-feira.

Segundo o estudo, com a elevada inflação em 2022, “os salários reais diminuíram pela primeira vez desde 2013 e de forma muito pronunciada, em particular, entre os jovens qualificados“, que foram sujeitos a uma perda de poder de compra, em média, de 6%. “Esta queda mais acentuada levou a que os ganhos salariais do ensino superior face ao secundário diminuíssem abruptamente: enquanto em 2011 um jovem adulto com um curso superior tinha, em média, um salário 50% superior ao de um com o ensino secundário, essa diferença diminuiu para 27% em 2022”, lê-se no relatório.

Isto quer dizer que, em média, o salário médio líquido de um trabalhador com o ensino superior entre os 25 e os 34 anos era 27% superior a um trabalhador só com o ensino secundário. Trata-se de “mínimos históricos”, diz a Fundação. Por outro lado, houve um ganho salarial associado ao mestrado, em comparação com a licenciatura, que subiu de 10% em 2011 para 19,3% em 2022. Neste caso, é o maior valor de sempre registado pela Fundação.

O relatório “Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal” concluiu também que a recuperação do emprego pós-pandemia de Covid-19 foi total entre os jovens com ensino superior. Já a taxa de desemprego dos que apresentam uma menor qualificação foi de 18%, acima dos 13% verificados em 2019.

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“Em 2022, 28% das competências pedidas eram digitais e 66% das ofertas de emprego anunciadas pediam competências digitais, um valor muito superior aos 54% de 2019. A maioria das profissões aumentou os requisitos digitais e metade dos trabalhadores portugueses afirmou que passou a usar mais frequentemente tecnologias digitais”, destacou.

As empresas mais digitais são, em média, mais produtivas, pagam salários mais elevados e foram mais resilientes durante a pandemia, nota a Fundação.

Portugal tem os professores mais envelhecidos

No que diz respeito aos professores, a média de idades está nos 50 anos, o que faz de Portugal o país da União Europeia com a classe mais envelhecida, numa altura em que o número de jovens em cursos que dão acesso à carreira de docente está em queda.

No caso dos mestrados, a discrepância é maior, com um aumento de 23% no número de inscritos, mas com uma quebra de 22% nos cursos de formação de professores.

“O panorama atual de escassez de professores não pode ser dissociado das condições de trabalho e progressão na carreira, que tornam a profissão pouco atrativa e resultam em elevados níveis de insatisfação profissional. Cerca de um em cada cinco professores portugueses era contratado em 2020/2021 e tinha um salário bruto abaixo dos 1.500 euros, já com o subsídio de refeição”, sublinhou.

Este relatório foi coordenado pela Fundação José Neves e produzido em conjunto com equipas de investigadores da Nova School of Business and Economics, da Universidade de Aveiro e da Universidade do Minho.